Julgamento do brasileiro que matou familiares na Espanha começa na quarta-feira

Patrick Nogueira Gouveia, hoje com 22 anos, será julgado por júri popular por ter matado os tios e os primos

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Por Redação
Atualização:
Jovem se entregou à polícia espanhola em outubro de 2016 Foto: EFE/Pepe Zamora

GUADALAJARA – O brasileiro Patrick Nogueira Gouveia, autor confesso das mortes de seus tios e primos em uma cidade no centro da Espanha, sentará no banco dos réus na próxima quarta-feira, 24, dois anos e dois meses depois do crime.

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Tanto o promotor como a acusação particular formada pelos familiares das vítimas pedem para Nogueira – que hoje tem 22 anos e será julgado por um júri popular – a pena de prisão permanente com revisão. Isso significa que ele deverá cumprir no mínimo 25 anos de prisão antes de qualquer revisão da condenação. Alberto Martín, advogado da família das vítimas, acredita que Patrick confessará o crime durante o julgamento, mas o fará de forma "seletiva, ocultando os fatos mais escabrosos como já fez anteriormente". O advogado acrescentou que Campos estará presente no julgamento e que os familiares das vítimas estão se sentindo muito mal nestes dias que antecedem o júri, "com muita tensão e desgosto por reviver tudo isso".

Como consta nos autos do processo, o acusado foi de ônibus de Madri até a casa onde a família vivia na cidade de Pioz, na Espanha, em 17 de agosto de 2016. Como ele contou aos investigadores no único depoimento que prestou à Guarda Civil após voltar do Brasil e se entregar, dentro do ônibus ele já sentia vontade de matar, e havia comprado sacos de lixo, fita isolante e um canivete. 

No começo da tarde, ele chegou à casa de seus parentes e tocou a campainha. Sua tia, Janaína Santos, foi recebê-lo. Ambos entraram na cozinha, onde Patrick disse ter lhe golpeado no pescoço com o canivete. Supostamente ele matou depois os primos, de 1 e 4 anos de idade, mas no depoimento o rapaz disse não se lembrar como os matou e também como limpou a casa. 

À noite, o tio de Patrick, Marcos Campos Nogueira, chegou à residência. O sobrinho o esperava do lado de fora, e ambos entraram conversando. Já do lado de dentro, Patrick assassinou o tio a facadas, e ao que tudo parece indicar, houve resistência, porque a vítima apresentava ferimentos de defesa nas mãos. 

Patrick confessou que pouco antes das 4h do dia seguinte, 18 de agosto, decidiu tomar banho, vestiu roupas de seu tio e se deitou. De fato, a fatura de energia elétrica corrobora que entre as 4h e as 6h houve consumo mínimo. Além disso, Patrick mandou várias mensagens através de um celular para um amigo no Brasil relatando os fatos e pedindo conselho. Em seguida, o jovem deixou o recinto levando uma mochila com roupas e o canivete.  Em nenhum momento Patrick revelou que tinha intenção de tirar os corpos da casa, mas os investigadores acreditam que sim, pois levou a chave do imóvel. O rapaz levou também o telefone celular de seu tio Marcos, do qual enviou uma mensagem ao proprietário da casa onde a família vivia para lhe dizer que iria atrasar o pagamento do aluguel, para evitar que o dono fosse à casa em dias próximos. ​Um mês depois, devido ao mal cheiro que exalava do imóvel, as autoridades foram alertadas e entraram no recinto, encontrando os corpos das vítimas. Depois de cometer o crime, o acusado viajou para o Brasil e acabou detido em 19 de outubro, quando retornava à Espanha. / EFE

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