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Burocracia emperra ônibus a gás natural em SP

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar da rápida expansão das vendas do gás natural veicular (GNV) na capital paulista, a Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) e a Petrobras acreditam que existe ainda um importante obstáculo para a disseminação do combustível em um segmento considerado crucial nas grandes cidades: os ônibus. As duas empresas lembram que a lei municipal nº 12.140, de 1996, que estabeleceu um cronograma gradativo para a conversão da frota municipal de ônibus, não vem sendo respeitada. "A lei prevê a conversão de 5% anuais da frota de ônibus da capital, entre 1997 e 1998, e eleva este percentual para 10% a partir de então, até chegar à conversão plena em 2008", afirma o presidente da Comgás, Oscar Prietto. "Nós temos hoje somente 250 convertidos ao gás natural, de uma frota total de 11 mil carros." A gerente regional de gás da Petrobras, Márcia Cerihal, acrescenta que a origem do programa de GNV no Brasil, nos anos 90, estava assentada na "preocupação com o consumo de óleo diesel, que absorve divisas na importação de petróleo e que é altamente poluente". Mas, com as dificuldades na disseminação do combustível entre caminhões e ônibus, o GNV acabou tornando-se alvo de veículos menores. Em seminário realizado hoje pela Câmara Americana de Comércio de São Paulo (Amcham-SP), Prietto e Márcia salientaram que "há problemas estruturais que impedem essa expansão" - a começar pelo preço do diesel, 40% mais barato do que o do GNV. Além disso, os motores de ônibus desenvolvidos para o uso de GNV mostraram-se pouco eficientes - havia perda significativa de potência conforme testes realizados no início dos anos 90, o que chegava a prejudicar o tráfego. Há ainda deficiências na ramificação da própria rede de distribuição, que não chega à periferia, onde está a maioria das garagens das companhias de ônibus. Outra questão importante é a dificuldade dos empresários do setor em revender os ônibus a gás para outros municípios, já que a rede de distribuição de gás está bastante centralizada na Grande São Paulo e municípios mais próximos. Prietto acredita que os entraves tendem a ser superados assim que a rede de distribuição das companhias de gás for se expandindo. Além disso, a Comgás está testando um sistema de transporte de gás natural comprimido (GNC) que, por meio do acondicionamento do gás em cilindros, permite o transporte em caminhões para áreas que não são atendidas pelos dutos da companhia. A gerente da Petrobras afirmou que as montadoras estão voltando o interesse para essa área e procurando desenvolver motores mais eficientes. Mas ela considera que seria necessária a adoção de incentivos para discutir o uso do GNV entre ônibus e caminhões, levando-se em consideração os benefícios ambientais que o combustível proporciona.

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