Busca por miseráveis no campo começa por Bahia e Minas

Um em cada 4 pessoas que recebem menos de R$ 70 por dia vive em área rural; ação faz parte do Brasil sem Miséria

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Por Roldão Arruda
Atualização:

O governo federal deve iniciar pelo interior dos Estados da Bahia e de Minas Gerais a busca de famílias de pequenos proprietários rurais que ainda vivem em situação de miséria, com renda de até R$ 70 por pessoa. A localização das famílias e sua inclusão em programas de estímulo à produção rural é uma das prioridades do programa Brasil Sem Miséria, lançado em maio. De acordo com números que orientam o programa, do total de 16,2 milhões de pessoas na miséria, 4 milhões estão na zona rural.No final desta semana começa no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) a seleção das empresas de assistência rural que irão trabalhar na busca nos chamados territórios da cidadania de Irecê e Velho Chico, na Bahia, e Serra Geral, em Minas. A inclusão produtiva, defendida pela presidente Dilma Rousseff, tem um duplo objetivo no caso dos pequenos proprietários rurais que estão sendo procurados agora: melhorar as suas condições de vida, com geração de renda, e aumentar a produção de alimentos no País.Para o governo é mais importante estimular a produção de famílias já instaladas na terra do que investir em novos assentamentos. Em suas declarações públicas, o ministro Afonse Florence (MDA) tem feito insistentes referências ao grande números de assentamentos no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, numa indicação que o ritmo vai diminuir, para que se cuide melhor de quem já foi assentado. "Do conjunto de 900 mil famílias assentadas no Brasil, 600 mil ganharam o lote no governo Lula", afirma.Propostas. Essa política é uma das razões não declaradas dos atritos recentes com o Movimento dos Sem-Terra. Líderes da organização acusam o Planalto de ter paralisado a reforma agrária.O governo ainda está recebendo as propostas das empresas interessadas na prestação de serviços de assistência técnica nos territórios da cidadania. Elas deverão desenvolver programas com duração de 17 meses, com a estrutura de um técnico de nível superior e outros dez de nível médio para cada grupo de 800 famílias.Com posse de cadastros já existentes de programas de transferência de renda e de apoio à agricultura familiar, os técnicos tentarão localizar as propriedades com maior carência. Após um diagnóstico inicial daquela unidade e das suas relações com a região, será apresentado à família um plano de reestruturação produtiva. Além do dinheiro do Bolsa Família, as pessoas poderão contar com verbas de fomento para a produção e a comercialização de alimentos."Para continuar recebendo parcelas das verbas de fomento, os produtores terão que demonstrar que investiram na melhoria da produtividade e que estão tendo resultados", diz Florence.A ação na zona rural é acompanhada com atenção pela ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello. É um dos primeiros testes para o que ela considera o diferencial do programa Brasil Sem Miséria, que é a busca das famílias miseráveis. "Não vamos mais esperar que os pobres corram atrás do Estado", diz ela.

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