Representantes de associações de cabos e soldados da Polícia Militar de 18 Estados entregam amanhã aos ministros do Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso, e da Justiça, José Gregori, documento pedindo a criação de um piso salarial nacional para a categoria. Eles querem dez salários mínimos, o correspondente a R$ 1.800,00. Atualmente o menor salário de um soldado da PM é R$ 380,00, no Piauí, e o maior de R$ 1.450,00, no DF. A média salarial é de R$ 500,00. O documento dos cabos e soldados das PMs e Bombeiros defende que o orçamento dos Estados e municípios destine um porcentual para a segurança pública. Eles pedem 15%. "Queremos uma verba carimbada, como existe para a saúde e a educação, pois há Estados que não investem nem 2% dos seus recursos em segurança pública", disse o presidente da Associação Nacional dos Cabos e Soldados das PMs e Bombeiros, cabo Wilson de Oliveira Morais. A mesma reivindicação foi apresentada aos dois ministros pela associação dos comandantes das Polícias Militares. Os cabos e soldados se posicionaram contra as medidas anunciadas pelo ministro da Justiça, na semana passada, para tentar solucionar os problemas das PMs. "Somos contra essa proibição da filiação partidária, contra a Medida Provisória que permitirá que um policial seja deslocado para outro Estado em caso de greve e contra a proposta de dissolver as entidades de classe. Isso é antidemocrático", afirmou o cabo Wilson, que além de PM da reserva, é deputado estadual pelo PSDB de São Paulo. O cabo Wilson disse que as entidades vão brigar no Congresso para mudar a Constituição no artigo que proíbe greve das PMs. "É claro que não é greve com arma na mão. Mas é democrático que um policial possa fazer manifestação pacífica, para defender os seus direitos", ressaltou o deputado PM. O presidente da associação dos cabos e soldados condenou o projeto que tramita no Congresso e dá poder de polícia às Guardas Municipais. "A guarda municipal não tem preparo para atuar como policial. Seria preciso, primeiro, reestruturar a Guarda Municipal e treiná-la", comentou o cabo Wilson. Ele não concorda também com o caminho traçado para a integração das polícias Civil e Militar. "Não adianta integrar duas corporações descontentes", observou ele, depois de salientar que a integração teria efeito se melhorassem, em primeiro lugar, os salários, equiparando os vencimentos das duas polícias que, em muitos Estados, são muito díspares.