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Café da manhã? Vá ao restaurante

Com mais conforto e serviço que as padarias, esses estabelecimentos viram opção para a primeira refeição do dia

Por Valéria França
Atualização:

Tudo começou nas padarias. Elas ampliaram os salões e incrementaram o café da manhã, que há dez anos não passava de um pingado com pão na chapa servido no balcão. A ideia fez sucesso e virou programa entre os paulistanos, tanto que agora os restaurantes resolveram fazer concorrência. Com mais serviço e estrutura que as panificadoras, muitos deles estão abrindo as portas mais cedo com uma carta matinal especial, principalmente nos fins de semana e feriados. As opções são variadíssimas. Há desde o cardápio americano do P.J. Clarke?s, no Itaim, zona sul da cidade, com os tradicionais waffles e eggs benedict (pão redondo, tostado com bacon canadense, servido com ovo pochê e molho holandês) a um autêntico desjejum francês. É o caso do bistrô Blés D?Or, em Moema, com bufê de 80 iguarias. "O paulistano adotou o hábito de tomar o café da manhã fora de casa e os donos dos restaurantes perceberam que estavam perdendo a oportunidade de aumentar o faturamento", diz o chef francês Didier Nepceron, um dos sócios do Blés D?Or. E o que encoraja o público a desembolsar, no caso do bistrô, R$ 27 por pessoa são produtos mais elaborados que os produzidos nas padarias, como o ratatouille, tradicional cozido francês de legumes com berinjela, pimentão, abobrinha, cebola, alho e ervas finas. Há pelo menos oito tipos de bolos, quiches, geleias, crepes, tortas salgadas e pães como brioches e croissants - estes os mais consumidos da mesa, disputando apenas com o bolo de nozes e com o pudim de pão feito com vinho branco, brie e ervas finas. Quem mora na vizinhança, como a psicóloga Renata Alves de Souza, de 38 anos, prefere o sábado ao domingo - quando a casa lota. "Venho também às sextas-feiras para encontrar minha mãe (Maria Geraldina), e meus tios (Onofre e Cecília Sampaio), mas aí é à la carte." Maria desistiu das padarias - há pelo menos três grandes nas redondezas - por permitirem que cachorros acompanhem os donos. "Tem gente que come com o cachorro no colo. Não dá." Renata acha o bistrô mais tranquilo. "Aqui não tem barulho", diz. Já seus tios têm outros motivos: adoram mesmo o croissant quente com queijo branco. Há ainda quem não suporte o "senta e levanta" dos bufês. Esse público vai a casas como o Le Vin, restaurante nos Jardins, com serviço à francesa. "Em padarias ou restaurantes com bufê não dá nem para ler o jornal. Só o vaivém das pessoas produz muito barulho", diz a bancária Camila Detomi, de 29 anos. "Além disso, no Le Vin, os garçons são bem treinados, atentos e não derrubam coisas." Camila faz a primeira refeição todos os dias fora de casa. Para ela, que mora sozinha, preparar o café é perda de tempo. "Aproveito essa brecha para ler as notícias e comer bem antes de ir para o trabalho." No cardápio há quatro opções de café. A mais simples sai por R$ 14,90, e inclui suco de laranja, uma bebida quente, cesta de pães, geleia de amora e manteiga. O café mais completo ainda leva mamão, sanduíche de queijo brie, e uma torta média. Custa R$ 32. "Para não enjoar, às vezes monto o meu café com outros itens do cardápio", diz Camila. Além dos tradicionais pães franceses, há omelete, ovo quente, mexido e beneditino (pochê, servido em cima de um brioche com presunto e creme holandês ). "Na sexta, sábado e domingo, o ideal é chegar antes das 10 horas para não pegar fila", avisa o gerente Gerardo Gomes de Souza, de 25 anos. Tomar café da manhã virou o programa oficial da família Detomi, tanto que o pai de Camila se tornou um especialista no assunto. Já experimentou a maioria das padarias e restaurantes que se destacam pelo café da manhã. E, assim, o programa virou a desculpa certa para reunir a família aos sábados. Como cobram menos que os hotéis por essa refeição, os restaurantes também são procurados por executivos nas primeiras horas do dia. Aconchegante e com toques de art déco, o Paris 6, nos Jardins, tem rede Wi-Fi. "Faço várias reuniões aqui", diz o empresário Cyrillo Verdiere, de 39 anos, que na quarta-feira estava com seu laptop na mesa do bistrô com o consultor Nuham Szprinc, de 63 anos. "É o jeito de otimizar o tempo", diz o consultor. Aberto 24 horas, o Paris 6 trabalha com o sistema de bufê diariamente. Na mesa, há itens para um café frugal, com queijo branco, pão integral e croissant entre outros. Brunch substancioso é o forte da rede de hambúrguer americana P.J. Clarke?s. No cardápio, nove itens são servidos das 12 às 16 horas, entre eles o irish roast eggs, um prato com ovos , espinafre, batata bolinha, linguiça irlandesa, queijo emental e torrada de pão italiano (R$ 18,20) e o campeão que virou item regular de tão pedido: eggs benedict (R$ 17,30). E esses ovos estão caindo no gosto do paulistano, tanto que há um mês entraram para o cardápio do Ritz, dos Jardins, apenas aos domingos na hora do almoço, apesar de o restaurante não ter aberto ainda um brunch oficial.

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