Cai assessor da campanha de Dilma

Foi Lanzetta que, em nome do PT, teve encontro com arapongas ligados aos serviços secretos oficiais com objetivo de produzir dossiês

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Por Leonencio Nossa e Fábio Granes
Atualização:

O jornalista e consultor Luiz Lanzetta se desligou da campanha de Dilma Rousseff à Presidência. O Estado mostrou ontem que Lanzetta, dono da empresa Lanza Comunicação, teve encontro, em nome do PT, com arapongas ligados aos serviços secretos oficiais com a finalidade de produzir dossiês contra rivais nas eleições, em especial o tucano José Serra.Em entrevista na sexta-feira ao Estado, Lanzetta confirmou o encontro com os espiões. Ontem, ele disse que não aceitou a proposta para produzir material contra os tucanos. "Ele me fez uma proposta, eu não aceitei. Nunca mais vi o cara", afirmou o consultor, referindo-se ao sargento da reserva Idalberto Matias de Araújo, o Dadá. O Estado revelou que o espião tem passe valorizado em épocas eleitorais, integrou vários escândalos políticos e esteve na polêmica Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas. "Não existe contrato de serviço", completou Lanzetta. "Não existem dossiês."O consultor disse que a decisão de sair da campanha foi dele mesmo. "Fora da campanha, estou livre para me defender."A jornalista Helena Chagas, coordenadora do comitê de imprensa de Dilma Rousseff, disse que por volta do meio-dia de ontem foi informada pela direção do PT de que o consultor havia se desligado da campanha.Lanzetta disse que os últimos 40 dias de trabalho no comitê petista foram "estranhos". Questionado sobre as disputas internas na campanha, ele se limitou a dizer que "achava que estava tudo normal, mas não estava". "Tudo foi estranho, a própria reunião (com arapongas); era uma suspeita atrás da outra." Dutra. A estratégia petista ontem foi isolar a crise na figura de Lanzetta, apontado como articulador de uma central de dossiês no comitê de Dilma. À tarde, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, afirmou que o jornalista não tem "nenhuma relação" com a campanha de Dilma nem autorização ou recomendação de seu comando para tratar de contratação de arapongas e da fabricação de dossiês contra adversários políticos.Dutra evitou defender o consultor. "Cada um é responsável por seus atos. Esse assunto nunca foi discutido conosco. Não existe subordinação dele (Lanzetta) com a campanha", afirmou o presidente do PT. "A empresa dele foi contratada para alocação de mão de obra, de jornalistas. Se ele agiu sozinho, não há nada que a gente possa fazer."

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