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Camelôs tumultuam Centro de São Paulo por mais um dia

Por Agencia Estado
Atualização:

Pelo terceiro dia consecutivo, a Rua 25 de Março, no Centro de São Paulo, foi alvo de protestos de ambulantes em reação a uma operação da polícia e de fiscais da Prefeitura, que apreenderam 66 lotes de mercadorias, incluindo 4.000 CDs piratas. Os comerciantes fecharam as portas de suas lojas ? especialmente de manhã ? quando um grupo de camelôs percorreu a região, num protesto acompanhado pela Polícia Militar. Seis ambulantes foram detidos, por incitarem os colegas a fechar as ruas e por pressionarem os lojistas a baixar as portas. Apesar do tumulto, não houve confronto direto com a polícia, como vinha ocorrendo desde a última terça-feira. No fim da manhã desta quinta, um grupo de manifestantes fez passeata pelas ruas da região. O trânsito ficou bloqueado à medida que os ambulantes caminhavam, sempre aos gritos de ?queremos trabalhar? e de ?fecha, fecha?. ?O pessoal está revoltado, a gente só quer trabalhar. Se a gente não conseguir trabalhar, vamos continuar com isso até o fim do ano?, disse a ambulante 0Ivone Ludovica, uma das que estavam à frente do ato. Ela e dezenas de ambulantes que vêm trabalhando não possuem o Termo de Permissão de Uso (TPU) e, portanto, estão em situação irregular. Hoje, apenas 160 camelôs da Rua 25 de Março têm autorização para trabalhar. Uma das reivindicações dos camelôs irregulares é a permissão para que possam trabalhar das 4 horas às 8 horas ? uma hora além do que já é permitido. À tarde, querem trabalhar das 14 horas às 17 horas, horário vetado atualmente. A operação contra os ambulantes da Rua 25 de Março teve início na sexta-feira passada. Foi somente a partir de terça-feira que os confrontos começaram. Ao todo, desde a semana passada, mais de 400 lotes de mercadorias foram apreendidos. Entre os itens estão bijuterias, guarda-chuvas, CDs, bebidas alcoólicas e refrigerantes, brinquedos e aparelhos eletrônicos contrabandeados. Apesar da aparente disposição dos ambulantes de continuar a reagir às apreensões, o inspetor da Guarda Civil Metropolitana, Paulo José Barbosa, acredita que eles já estejam recuando. Segundo ele, as manifestações estão sendo estimuladas por vendedores de CDs piratas e meias ? os cedezeiros e os meieiros. ?Os outros são mais organizados, buscam entendimento e não querem confronto. Mas é esse pessoal que está causando mais tumulto.? O resultado mais visível dos confrontos é a diminuição do movimento de clientes na região. A pouco mais de um mês do Natal, o fluxo tem sido bem menor em relação a anos anteriores. ?Dá medo. Na chegada, ficamos parados dentro do carro, presos na manifestação?, disse a comerciante Edinéia Afonso, de 30 anos, que costuma ir quase todos os dias à região, em busca de itens para revender. ?Os clientes da cidade não estão mais vindo, e excursões de compradores do interior foram canceladas?, diz Jeremias Gomes, de 32 anos, proprietário da Comercial Gomes. ?O faturamento caiu 30% nesses dias.? Ele e outros comerciantes aprovam a ação contra os ambulantes ilegais, mas lamentam que isso esteja sendo feito próximo do Natal. ?Acho a data imprópria?, diz Gomes. Por meio de uma nota, a União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinvo) informou que está ?otimista? com relação à operação. ?Apesar dos tumultos e confusões desses últimos dias, acreditamos que a ação que regulariza a situação do comércio ilegal foi necessária?, diz o texto. Nesta quinta-feira, a operação contou com a presença de 150 guardas civis metropolitanos, 80 policiais militares e 90 fiscais. O trabalho começou às 7 horas e terminou às 17 horas. Segundo o tenente Marcelo Takarabe, que coordenou o policiamento da PM na 25 de Março, a operação de fiscalização e apreensão deve prosseguir nos próximos dias.

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