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Caminhão velho atrasa saída de tropas para o Rio de Janeiro

Improviso e atrasos irritaram o comandante da Força Nacional de Segurança

Por Agencia Estado
Atualização:

Um contratempo marcou a saída, no domingo, das tropas da Força Nacional de Segurança Pública destacadas para combater facções criminosas que comandam violentos ataques no Rio de Janeiro desde o final de dezembro. Alugado de última hora para transportar armas e equipamentos das tropas, um velho caminhão de mudança furou dois pneus a caminho da Base Aérea de Brasília e a partida dos policiais atrasou por mais de três horas. O caminhão estava com pneus carecas e com equipamentos obrigatórios danificados, duas irregularidades punidas pelo Código de Trânsito. O tropeço irritou o coronel Aurélio Ferreira, comandante da Força. "É um absurdo um problema desse tipo prejudicar nossa missão", protestou. Ele destacou um grupo tático, armado de fuzis e em posição de combate, para proteger o veículo, enquanto um terceiro descarregava seus equipamentos na Base Aérea para retornar e resgatar a carga. O aparato insólito, num domingo chuvoso em Brasília, chamou a atenção de motoristas desavisados que transitavam na avenida L-2 Sul. O incidente ocorreu no meio do percurso de 20 quilômetros entre a Academia Nacional da Polícia Federal, na saída norte de Brasília, onde estavam concentrados os policiais, vindos de vários Estados e o Aeroporto. Ao perceber que um caminhão do comboio ficara para trás, o coronel mandou uma viatura com um sargento verificar. "Comandante, o problema é sério", disse o sargento ao voltar. "Os pneus furaram e não há equipamento adequado para efetuar a substituição", relatou, em tom solene. O equipamento a que ele se referia era um macaco. Após esbravejar, o coronel se recompôs e tocou a tropa adiante. "A sociedade tem grande expectativa na contribuição que podemos dar aos órgãos de segurança do Rio. Estamos preparados, motivados e conscientes das nossas imensas responsabilidades", disse, referindo-se ao tipo de missão arriscada que os espera. Ao todo, seguiram para o Rio ontem cerca de 500 policiais em duas turmas. A primeira, de cerca de 200 homens, saiu ainda de madrugada e seguiu por terra, em 52 viaturas. Eles se deslocaram diretamente para os pontos das principais rodovias da divisa do Rio com Estados vizinhos, principalmente São Paulo e Minas, nas quais vão combater o tráfico de drogas e de armas, asfixiando as facções do Rio que dependem desses suprimentos. Outras equipes da Força continuarão seguindo para o Rio nas próxima semanas, até atingir um total de 6 mil policiais destacados para ajudar na segurança dos Jogos Pan-Americanos, em junho. A segunda equipe, com cerca de 300 policiais, retardada pelo incidente dos pneus, embarcou em dois aviões Hércules, da Força Aérea Brasileira (FAB), com pouso previsto para aeroporto do Campo dos Afonsos, no Realengo. Preparação Antes do embarque, as tropas passaram os últimos dois dias praticando exercícios, recebendo instruções e participando do planejamento das operações que realizarão no Estado. Solicitada pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, a força deve ficar no Estado pelo menos até agosto. Foram levados na bagagem armamento pesado, inclusive fuzis e metralhadoras e equipamentos de comunicação. A tropa é integrada por policiais militares e bombeiros recrutados entre os quadros de elite dos Estados. Eles recebem treinamento na Academia Nacional de Polícia Federal e retornam aos seus Estados, onde ficam de prontidão para convocações em casos de grave distúrbios de segurança em algum Estado. De 2004 até agora, 7,8 mil policiais receberam o treinamento. Com a Força posicionada, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos e o governador do Rio participam hoje, às 11h, no Palácio da Guanabara, da reunião de instalação do Gabinete de Gestão Integrada (GGI) do Estado. A partir de 2003, todos os estados aderiram ao Sistema Único de Segurança Pública (Susp), assumindo o compromisso de criação do GGI para combater o crime organizado e reduzir a violência, mas o governo anterior do Rio se recusou a adotar a medida. O GGI é composto por membros da Secretaria Estadual de Segurança Pública, das polícias Federal, Rodoviária, Civil e Militar, representante do Sistema Penitenciário Estadual, do Tribunal de Justiça e do Ministério Público, além de um membro da Secretaria Nacional de Segurança Pública.

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