Campanha pelo desarmamento convoca mulheres

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Por Agencia Estado
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O movimento Viva Rio lançou hoje a campanha "Arma não! Ela ou eu", que visa a alertar às mulheres de seu papel na defesa do desarmamento. No Rio, são mortos a tiros 24 homens entre 17 e 29 anos para cada mulher da mesma faixa etária. "Se a doença da arma é masculina, a cura tem de vir da mulher", disse o coordenador do Viva Rio, Rubem César Fernandes. "As mães, mulheres e namoradas são as que mais sofrem com essa violência, com a perda de seus entes queridos. Elas têm que convencer os homens a abandonar as armas." A dona-de-casa Euristéia de Azevedo, de 53 anos, que perdeu, em 1998, o filho William, aos 24 anos, assassinado depois de uma festa com 26 tiros, foi dar seu apoio à campanha hoje de manhã, em seu lançamento, na Lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul do Rio. "Todo dia das mães é marcante e sofrido para mim, porque lembro muito do meu filho. Uma arma destruiu minha família e luto desde então para que esse mal não atinja outros lares", disse Euristéia. Durante a manifestação, ela ajudou a destruir dezenas de armas de brinquedo com as crianças da banda Afrolata, formada por moradores da Favela de Vigário Geral. As atrizes Malu Mader e Beth Goffman e as cantoras Paula Toller e Kátia Bronstein também deram apoio à campanha. "Tenho dois filhos homens e me preocupo com a violência que atinge a eles", disse Malu, que foi à Lagoa com o marido, o músico Tony Belloto, e o filho mais novo, Antônio, de 3 anos. "É um absurdo achar que, comprando uma arma de fogo, a pessoa está se protegendo." Paula Toller, ao lado do filho Gabriel, de 11 anos disse que "a mulher tem vocação para as causas impossíveis". "Cada mãe, namorada, mulher, tem que chamar a atenção do homem para o desarmamento." Refém por quatro horas do seqüestrador do ônibus 174, na zona sul do Rio, em junho do ano passado, a estudante Janaína Lopes Neves, de 24 anos, está colaborando com o movimento por ter "aversão a armas". "Sempre achei muito estranho as pessoas terem arma em casa. Depois de ficar horas sob a mira de um revólver, tomei mais horror ainda." Segundo Rubem César Fernandes, no Rio, oito em cada dez assassinatos são cometidos com tiros. "A mulher tem o poder de dizer: ´Na minha casa, não entra arma´ ou ´se você estiver armado, não saio contigo´. Os homens matam e morrem mais; a mulher não pode cruzar os braços", afirmou Fernandes.

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