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Campinas promove 5.º Reviva o Rio Atibaia

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de uma tonelada de lixo doméstico foi retirada hoje do Rio Atibaia por manifestantes da quinta edição do projeto Reviva o Rio Atibaia, organizado por três associações do distrito de Sousas, em Campinas. O evento, ocorrido durante o final de semana, na Praça Beira Rio, no Centro de Sousas, reuniu aproximadamente 3,5 mil pessoas no sábado e hoje, conforme os organizadores. No sábado, as atividades foram voltadas para cerca de 500 alunos de 13 escolas de Sousas e uma de Campinas, acompanhados por pais e parentes. Neste domingo, integrantes das associações ambientais Jaguatibaia, dos Remadores de Sousas e dos Pescadores de Campinas promoveram a "barqueada", um limpeza simbólica do rio. Com um barco, percorram um trecho do Atibaia, em Sousas, recolhendo os entulhos. Sacos plásticos, garrafas vazias, latas, pneus, entre outros materiais, foram levados até a Praça, onde foram exibidos aos moradores. Em seguida, um grupo de estudantes da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, catalogou o lixo para ser reciclado. O material foi recolhido por um caminhão municipal. Um abaixo-assinado pede à prefeitura a coleta seletiva de lixo. Segundo o coordenador técnico do encontro e presidente do Jaguatibaia, o engenheiro agrônomo José Carlos Perdigão, serão colhidas mais assinaturas antes de o documento ser entregue. "Foi um dos resultados práticos da manifestação", contabilizou. Perdigão explicou que o principal objetivo do Reviva o Rio Atibaia, que ocorre anualmente há cinco anos, é mobilizar a população sobre a questão ambiental. "Os moradores são fiscais do meio ambiente e precisam estar informados sobre como agir", alegou. Estudantes de Biologia da PUC-Campinas apresentaram aos participantes aquários com peixes nativos do Atibaia, e atualmente desaparecidos devido à alta concentração de poluição do Rio. Por meio de um convênio com o Sesc e a Estação Ciência, de São Paulo, os organizadores expuseram 23 painéis que contam a relação da água com os brasileiros desde antes da chegada dos europeus ao País até os dias atuais. Nos quadros estava descrita a proximidade dos índios com a água. Eles a utilizavam para higiene, fonte de alimentação e até mantinham uma relação lúdica com o líquido. Depois da chegada dos colonizadores, a água foi usada pelos bandeirantes para a conquista do interior do Brasil. Os painéis mostraram os primeiros problemas ambientais do País, desde a colônia portuguesa até os dias atuais. No final da mostra, foram exibidas sugestões de soluções técnicas e economicamente viáveis para o uso racional da água e recuperação de fontes poluídas. "Esse trabalho do Sesc é muito interessante porque mostra não só os problemas, mas apresenta possíveis soluções", alegou Perdigão. Maquetes - O evento contou ainda com a exposição de cinco maquetes em que os participantes puderam conferir intervenções do homem no meio ambiente e as conseqüências, como agriculturas mal conduzidas, loteamentos clandestinos e desmatamento ciliar. Numa delas, interativa, o público pôde ver os efeitos das chuvas na beira de um rio desassoreado, provocando enchentes e erosões cada vez maiores. A maquete interativa foi desenvolvida por Perdigão. O engenheiro explicou que o Reviva o Rio Atibaia tem tido resultados práticos desde o início. Em 1999, o movimento resultou na criação da Comissão Pró-Área de Proteção Ambiental (APA). Este ano, a APA, que abrange um terço de Campinas, inclusive o distrito de Sousas, foi oficialmente instituída pelo prefeito Antonio da Costa Santos, morto há dois meses. O próximo objetivo do grupo, além da coleta seletiva em larga escala em Campinas, é a regulamentação do Código Ambiental da cidade, que definirá regras sobre o uso e exploração racional do meio ambiente. O Código está em fase de avaliação. O Rio Atibaia, um dos principais afluentes da região, integra o Comitê das Bacias dos Rios Atibaia, Capivari e Jundiaí, que abastecem cerca de cinco milhões de moradores de 60 cidades da região. Campinas lança 90% de seu esgoto urbano no rio, que recebe ainda 20% do esgoto industrial da região e poluição doméstica da população ribeirinha. Raio X - Perdigão lembrou que o Reviva o Rio Atibaia pretende cada vez mais estimular e agregar contribuições. Uma delas é o estudo que está sendo desenvolvido por estudantes de Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas. Eles estão mapeando todos os grandes e médios empreendimentos da região para avaliar sua atuação junto ao meio ambiente e o impacto do conjunto. Segundo a estudante Raquel Dezen Gaiolla, quando obtêm a licença ambiental, as empresas são analisadas isoladamente, e raramente há um estudo sobre o impacto real de sua instalação, junto a outras empresas que já atuam numa determinada localidade. "Isoladamente, pode não haver impacto, mas é preciso avaliar todo o conjunto", apontou Raquel. A estudante disse que o estudo ainda está sendo desenvolvido e deverá ser concluído no início do próximo ano. Mas adiantou que os pesquisadores encontraram várias irregularidades em grandes projetos, como autorizações obtidas sem critério e programas ambientais que acabam não sendo respeitados pelos empreendedores depois do início da obra.

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