17 de outubro de 2010 | 01h00
No caso do empréstimo-ponte, o tucano Marconi Perillo entende que a transparência sobre o negócio ficou em segundo plano. O dinheiro, por exemplo, foi liberado sem uma discussão sobre a capacidade de endividamento do Estado. Nem mesmo os termos do acordo ficaram claros. "Ainda não tenho informações detalhadas sobre a operação. Mas, se for eleito, vou examinar tudo isso, qualquer cláusula ou artigo que possa lesar o Estado será questionado."
Levantamento do Estado junto à Secretaria Estadual da Fazenda indicou que ao empréstimo de R$ 3,728 bilhões será somada outra conta, no valor de R$ 700 milhões. O dinheiro, emprestado pela Caixa Econômica Federal (CEF) vai quitar a dívida antiga de ICMS devida ao Tesouro Estadual pela Celg. A parcela faz parte da negociação global.
Ocorre, porém, que a soma de todos os recursos financeiros que entram são superiores a 30% do valor total e atual da dívida fundada do Estado, que é de R$ 14,7 bilhões. Agora, com o empréstimo-ponte, Goiás passa a dever R$ 19,128 bilhões.
O bom do dinheiro do ICMS é que 25% dos R$ 700 milhões que entram serão rateados entre 237 prefeituras. "A Celg estava numa situação pré-falimentar", disse ao Estado o engenheiro Carlos Silva, atual presidente da estatal. "Além do mais, deve-se considerar o quanto a empresa representa como agente do desenvolvimento econômico de Goiás no momento em que novas empresas estão investindo no Estado e a construção da Ferrovia Norte-Sul se aproxima do fim", aponta ele.
De fato, somente o Grupo Pirineus anunciou esta semana o investimento no valor de R$ 223 milhões em duas fábricas, uma delas de cimento. O candidato tucano José Serra anunciou a construção de metrô, terminais aéreos de carga e expansão do agronegócio em Goiás na hipótese de ser eleito.
Iris Rezende também aposta no crescimento em escala do Estado nos próximos cinco anos, e Marconi Perillo já contabilizou que, se eleito, Goiás vai saltar do 9.º para o 5.º posto no ranking dos Estados mais ricos da Federação. E será preciso energia.
O que se discute é que a injeção de R$ 3,728 bilhões e os R$700 milhões para pagar ICMS atrasados não significa o fim do caos na Celg S/A. As dívidas da estatal começaram em 1988.
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