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Candidatos discutem o papel da imprensa na sociedade

Para o presidente, há momentos em que a mídia "abusa" de suas posições

Por Agencia Estado
Atualização:

No terceiro bloco do debate realizado pela Rede Record, nesta segunda-feira, o jornalista Bob Fernandes perguntou aos candidatos à Presidência sobre controle público e social dos meios de comunicação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu que o momento atual aponta para a democratização dos meios por conta da implantação da TV digital. "Muitos setores da sociedade poderão ter canais de televisão", afirmou. O petista também falou sobre as concessões de canais no País que ficam na mão de famílias: "Canal x do pai, canal y do filho, canal z da mãe e ainda tem as rádios locais. A democratização não chegou aos próprios meios de comunicação. Mas é claro que houve avanços", reconheceu. Lula ironizou dizendo que não sabe se é por causa dele, mas as televisões estão realizando debates, diferente do que aconteceu quando FHC era o presidente. "A imprensa presta serviço para a sociedade, critico a imprensa, mas sou o que sou por causa dela", afirmou. Alckmin novamente criticou o petista por se comparar a FHC. "Lula gosta de voltar ao passado. FHC ganhou no primeiro turno e também não foi a um debate, como Lula. Ele era igualzinho, mas mudou. É que agora tem segundo turno". Sobre a imprensa, o tucano disse que defende a liberdade de imprensa. "Mesmo que haja abusos, ela é sempre mais saudável". Lula disse ainda que "seria hipocrisia da minha parte não dizer que há momentos em que meios de comunicação abusam" de suas posições e que "estamos longe de ter total democracia dos meios de comunicação enquanto houver pouca gente no controle destes meios". Pesquisas Para Alckmin, Bob Fernandes perguntou se ele acha que as pesquisas estão erradas, já que ele tem de 24 a 25 milhões de votos de distância do seu opositor nas pesquisas, e pergunta como o tucano reduziria a vantagem. O candidato tucano argumentou que a eleição é só no domingo que vem e o resultado "é só quando a urna é aberta". Alckmin disse que vai acontecer a mesma coisa que aconteceu no primeiro turno, quando as pesquisas davam vitória a Lula na primeira etapa e a disputa foi levada para a segunda. "Nessa questão de pesquisa eleitoral precisa ter muito cuidado, e o eleitor já sabe disso, porque há grandes oscilações". O tucano ressaltou que o que se considera não são as pesquisas, e sim "quem pode fazer mais pelo Brasil nos próximos quatro anos. Na questão ética piorou, nos serviços públicos piorou, no crescimento também". Classe Média Foi a vez da jornalista Christina Lemos perguntar ao presidente se ele "abandonou" a classe média. "Pelo contrário", respondeu Lula, afirmando que, por três anos, a classe média teve reajuste salarial acima da inflação. "Pelo contrário, a classe média teve um aumento consecutivo de três anos, hoje um salário mínimo paga 3,4 cestas básicas", explicou. Lula deu três toques na madeira na mesa, pedindo proteção aos céus, para que o aumento de preços previsto por Alckmin não aconteça. "Pelo amor de Deus, não torça para o preço crescer", pediu. Alckmin rebateu que "não brinca com coisa séria", ressaltando que o País está vivendo "a maior crise da agricultura" e acusou Lula de só pensar na eleição. "Eu vou trabalhar para que a agricultura possa produzir bem, para manter preço baixo. Agora ele agiu de forma irresponsável só pela a eleição". Na réplica, o presidente afirmou que ele não estava fazendo ironia. Lula desafiou Alckmin a falar a partir da experiência de São Paulo e comparar com o que o governo fez com o seguro agrícola. Ele citou dados como o do crescimento da safra deste ano para 118 milhões de toneladas ao rebater a afirmação de Alckmin de que o presidente "age de forma irresponsável e só pensa na eleição". Impostos A jornalista Christina Lemos perguntou a Alckmin sobre redução de impostos, "o senhor poderia se comprometer a acabar com a CPMF. Se não puder, qual outro imposto vai acabar?", perguntou ela. Alckmin disse que "há dois modelos propostos", referindo-se ao seu e ao de Lula. "Há um que não pode cortar gastos, que é a fórmula para não crescer: aumentar juros e impostos", disse Alckmin. "O outro é o que prega o corte de juros". "Quero assumir um compromisso: eu vou reduzir a carga tributária, aprendi isso com o Mario Covas", disse Alckmin. "Mas é claro que não dá para em 24 horas retirar a arrecadação desse valor", concluiu. Alckmin ressaltou que esse vai ser um imposto fiscalizador, e que vai cortar impostos em transportes, energia e Imposto de Renda, "sempre analisando as cadeias produtivas". Lula disse que a Petrobras cresceu mais do que todos os bancos juntos e, por isso, tem hoje dinheiro suficiente para investir no País. Ele lembrou também que o governo FHC falhou ao não aplicar recursos em infra-estrutura. Já Alckmin, disse então que o "Brasil é campeão de taxa tributária". Ele voltou a se comprometer a reduzir impostos como CPMF e a discutir a redução de outras taxas.

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