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'Caos aéreo' faz senadores adiarem votação do relatório da CPI

Três senadores não embarcam para Brasília e presidente da comissão transfere a votação para quarta-feira

Por Ana Paula Scinocca
Atualização:

A votação do relatório final da CPI do Apagão Aéreo no Senado foi adiada, pela segunda vez consecutiva. O primeiro adiamento, na semana passada, se deu devido ao pedido de vistas feito pelo PT, que quer a exclusão de pelo menos cinco nomes da lista de 23 sugestões de indiciamentos apresentadas pelo relator, senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Nesta terça-feira, 30, três senadores governistas alegaram problemas com "o caos aéreo", que supostamente teriam impedido que eles chegassem a Brasília pela manhã, para pedir ao presidente da comissão, senador Renato Casagrande (PSB-ES), que transferisse a votação do relatório final para as 11 horas desta quarta.      Senadores que adiaram votação da CPI estão em Brasília  Zuanazzi marca entrevista coletiva e aumenta rumores de demissão  Especial sobre um ano de crise aérea  Todas as notícias sobre a crise aérea    Alegando "que estavam presos" em seus Estados, os líderes do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), do PMDB, Valdir Raupp (RO), e o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) teriam telefonado para Casagrande pedindo o adiamento da apreciação das mais de mil páginas do relatório da CPI do Apagão Aéreo.   Diante do apelo, a votação foi marcada para hoje mas, menos de meia hora depois da transferência, Raupp foi visto pelos corredores do Senado e Jucá já estava em uma reunião no Palácio do Planalto, segundo confirmou a própria assessoria de imprensa do líder do governo. Apesar do blefe, Demóstenes contemporizou. "Um dia de espírito democrático está bom demais. Amanhã (quarta) votamos de qualquer jeito", avisou o relator.   Demóstenes ponderou que havia nesta terça quorum suficiente para que a oposição votasse o relatório final. "Mas não adianta votar contra a vontade da Casa", disse. "Não se pode dizer que é mais uma tentativa do governo de querer atrasar o relatório porque todos os senadores que telefonaram são governistas e tinham interesse de estar aqui hoje (terça-feira). Nós até poderíamos tentar dar um golpe, mas não é essa intenção", afirmou o democrata.   O relator da CPI voltou a cobrar providências do governo para resolver o caos aéreo no Brasil, recordando que no último final de semana atrasos em vôos e decolagens voltaram a se repetir em todos os aeroportos do País.   Demóstenes cobrou ainda a demissão imediata do presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, e destacou a "boa vontade" do ministro da Defesa, Nelson Jobim, em resolver os problemas de tráfego aéreo. Em seu relatório final, Demóstenes sugere o indiciamento de 23 pessoas, entre elas o ex-presidente da Infraero, deputado Carlos Wilson (PT-PE), e da ex-diretora da Anac, Denise Abreu.   Desculpa esfarrapada   O governo e o PT trabalham para excluir do relatório final nomes ligados ao Planalto, em especial o do deputado Carlos Wilson. Daí, a tentativa de os governistas adiarem ao máximo a votação da matéria. Dos três senadores que alegaram problemas aéreos para justificar sua ausência em Brasília, apenas Wellington Salgado estava fora da capital federal.   Raupp, por exemplo, chegou ao Congresso minutos depois de Casagrande anunciar a suspensão da votação. Ao Estado, o senador disse que perdeu, de fato, o primeiro vôo para Brasília, da Gol, e pegou o segundo, da Ocean Air. "Perdi o vôo em Rondônia para Brasília e tive de pegar o segundo indo até Cuiabá e lá fazendo conexão. Acabei de chegar", afirmou pouco antes do meio-dia.   Jucá também já estava em Brasília quando a sessão foi transferida. Segundo sua assessoria, ele chegou cedo e às 11 horas - quando o adiamento da CPI ainda não havia sido anunciado - já estavam em reunião no Palácio do Planalto.   Por telefone, Wellington Salgado disse à reportagem que estava no Rio "preso" por conta dos problemas no trânsito devido ao deslizamento de terra que bloqueou parte do túnel Rebouças. "Fiquei enrolado aqui. Falei com o Jucá e com o Raupp e eles também estavam com problemas. Amanhã (quarta-feira) a gente resolve isso (a votação do relatório)", afirmou Salgado.

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