Cápsula de césio em Goiás: morador diz guardar material radioativo em casa, mas verificação descarta

Informação foi relatada à Polícia Militar, que isolou a área. Técnicos do Centro Regional de Ciências Nucleares fizeram levantamento e descartaram a presença de material radioativo

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Por Andréia Bahia
Atualização:

Não há radioatividade no bloco de concreto que foi encontrado em uma casa na cidade de Anápolis (GO), que fica a 54 km de Goiânia. A informação é do coordenador do Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), localizado em Abadia de Goiás, o físico Walter Mendes Ferreira. Segundo ele, o levantamento radiométrico realizado na cápsula encontrada mostrou que não se trata de material radioativo

No início da tarde desta sexta-feira, 19, o Corpo de Bombeiros foi informado sobre a presença de “possível produto perigoso, concretado em uma caixa de ferro, localizado no quintal de uma residência.” O local chegou a ser isolado e a suspeita é de que se tratava de uma cápsula de césio. Segundo os policiais militares que haviam ido a casa averiguar a informação de que havia armas ilegais no local, o próprio morador disse que o objeto guardava uma cápsula de césio.

Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), localizado em Abadia de Goiás. Foto: Google Street View

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Um técnico do CRCN esteve no local para verificar o objeto, mas, segundo Ferreira, de antemão já se sabia que não se tratava de material radioativo. “Todos os materiais radioativos licenciados no Brasil compõem um banco de dados e não há registro de materiais dessa natureza em Anápolis”, explicou o coordenador do órgão.

O bloco de concreto foi recolhido e será levado para o CRCN “com o objetivo de minimizar o impacto psicológico junto à população”, afirmou Ferreira.

Acidente Césio 137

O incidente com o bloco de concreto encontrado em Anápolis lembrou aos goianos a tragédia que viveram em 1987 com acidente radioativo com Césio-137, considerado o maior do mundo. A radiação, que atingiu cerca de 100 mil pessoas, matou onze, inclusive uma criança de 6 anos, e contaminou mais de 600.

A contaminação se deu a partir de um aparelho de radioterapia encontrado por dois catadores de papel em uma clínica abandonada no centro de Goiânia. O objeto foi levado para um ferro-velho local e desmontado e, em seu interior, foi encontrada uma cápsula de chumbo com 19,26g de cloreto de Césio, que foi aberta por um dos catadores de papel.

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Até hoje, mais de 13 mil toneladas de lixo atômico estão armazenados em contêineres concretados em um depósito construído em Abadia de Goiás, a 22 km de Goiânia, onde a CNEN instalou o Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste, que faz o monitoramento dos rejeitos radioativos e controle ambiental.

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