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Caraguá e São Sebastião contestam índice de crimes

Cidades no litoral norte de São Paulo questionam dados do Mapa da Violência e afirmam que houve redução da criminalidade

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A divulgação dos números do Mapa da Violência, pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla) na semana passada, caiu como uma bomba em Caraguatatuba e São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. As cidades são indicadas como as mais violentas do Estado, mas as prefeituras dos dois municípios comemoram a redução de homicídios em 2007 em relação a anos anteriores. Com 70,4 homicídios para cada 100 mil habitantes e 310 mortes entre 2002 e 2006, Caraguatatuba aparece no estudo como a mais violenta do Estado. A cidade é a 41ª no ranking nacional. Já São Sebastião, com 60,6 mortes para cada 100 mil habitantes, é a segunda no Estado e a 74ª na lista nacional. Apesar de recentes crimes violentos - como o assassinato de um turista em Indaiá, em Caraguatatuba, no dia 12 de janeiro -, população, turistas e autoridades discordam de que a cidade seja a mais violenta. "Moro aqui há 54 anos e nunca passei por uma situação de violência, nem tive ninguém próximo afetado. Achei essa pesquisa injusta", disse a servidora pública Jeanete Aquino Coelho. Ainda longe de ser um mar de tranqüilidade, Caraguá fechou 2007 com o menor índice de homicídios dos últimos três anos, segundo estatísticas da Secretaria da Segurança Pública (SSP). O número de assassinatos caiu de 61, em 2006, para 27 no ano passado. Em 2005, 43 pessoas foram mortas na cidade. A taxa de furtos é a menor em oito anos: baixou de 1.944 em 2000, para 1.917 em 2007. A queda é resultado de uma reação à crescente onda de violência que afetava as cidades do litoral norte nos últimos anos. Em 2004, a situação era tão crítica que 2 mil pessoas fizeram uma manifestação pela paz em São Sebastião. "Fechamos 2007 com 87% dos homicídios esclarecidos", afirmou a delegada Arlete Neves, de Caraguá. "Procuramos concentrar todos os esforços para esclarecer os homicídios", explicou o delegado seccional, José Francisco Rodrigues Filho, que responde pelas quatro cidades do litoral norte. Para ele, as prisões de homicidas afugentam quem comete esse tipo de crime na região. "A realidade vem melhorando nos últimos seis anos. Fizemos parceria com o Estado, para aumentar o policiamento", disse o vice-prefeito de São Sebastião, Paulo Henrique Santana. Nas ruas dessas cidades há dois tipos da violência. A de assaltos a casas de veraneio, onde bandidos vão à cata do dinheiro dos turistas, e o das disputas de traficantes na periferia. "O bandido vem para cá achando que todo turista tem dinheiro", disse a comerciante Ignes de Castro, que trocou São Paulo por Caraguá há oito anos. Os turistas demonstram certa preocupação com a violência, mas nem de longe se parece com a neurose das grandes cidades. Na sexta-feira, na areia da Praia do Indaiá, a família do pró-reitor da Universidade Tecnológica do Paraná, Vilson Ongaratto, curtia o sol e o sossego. Não sabiam da pesquisa. Alegaram que mesmo que soubessem, viajariam à cidade. "Tem que se analisar quais os critérios essa pesquisa leva em conta", disse.

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