Cartilha orienta comunidade sobre abordagem policial no Rio

Manual de 17 páginas feito por moradores do Morro Santa Marta lista o que a polícia não pode fazer

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Por Redação
Atualização:

Com apoio de entidades de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional, moradores do Morro Santa Marta, em Botafogo, zona sul do Rio, escreveram uma cartilha sobre os direitos do cidadão durante abordagens policiais.

 

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Apesar de ocupada pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) desde dezembro de 2008, a comunidade tenta desfazer o clima de desconfiança entre policiais e habitantes. Vários desentendimentos já foram registrados. Em um deles, o Ministério Público denunciou um grupo de policiais por abuso de autoridade.

 

Com vocabulário típico dos moradores, o manual de 17 páginas lista possíveis crimes de abuso de autoridade, injúria, racismo e tortura. As 3 mil cópias serão distribuídas amanhã.

 

"Se te chamar de ‘preto safado’, estará cometendo crime de injúria racial", orienta o manual. "Não adianta colocar um vocabulário intelectualizado, porque ninguém vai entender", afirma o autor da iniciativa, Emerson Claudio Nascimento dos Santos, de 30 anos, o rapper Fiell. Ele conta que foi vítima de revista abusiva no ano passado.

 

No tópico que diz que confissão forçada é tortura, a ilustração mostra um jovem subjugado por um policial armado que exige: "Fala. Cadê o baseado?"

 

"Os desenhos reproduzem situações reais. A maioria dos moradores não sabe os seus direitos. Por exemplo, não há nenhuma lei que nos obrigue a andar com documentos, mas vários jovens já foram conduzidos à delegacia porque estavam sem identidade", diz Fiell. O manual avisa sobre ações autoritárias. "Mandar você sair correndo sem olhar para trás é crime de abuso de autoridade."

 

Procurada para comentar, a Polícia Militar informou que se posicionará após ter acesso ao teor da obra.

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