Casa e galpão ao lado de cratera do metrô são demolidos

Moradores puderam apenas retirar alguns objetos do imóvel na Rua Capri

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma casa que ficava ao lado da cratera aberta em Pinheiros após o desabamento na obra do metrô na sexta-feira foi demolida neste domingo, por causa do risco de desabamento. A casa número 162 da Rua Capri era a que ficava mais próxima da cratera. Os moradores puderam entrar para retirar seus objetos pessoais, mas tiveram que deixar móveis e eletrodomésticos no local. Além da casa, foi demolido um galpão que funcionava como alojamento do canteiro de obras. ?Pegamos as coisas sentimentais, como fotos e quadros, e trouxemos para o hotel?, contou o economista Jorge Luiz Andrad Bordaz, filho do casal. Também moravam na casa a irmã, o cunhado e os sobrinhos de Bordaz - uma menina de 2 anos e um bebê de 6 meses. ?Na terça-feira, vamos nos reunir com o engenheiro da obra para saber sobre indenizações?, afirmou o economista. ?Queremos mesmo é ir para outro lugar, porque hotel não é como nossa casa. Não há quintal, e as crianças não param quietas.? Medo O medo de desabamento fazia parte da rotina dos moradores da região desde o início das obras. A comerciante Itália Souza Pereira, de 57 anos, temia era que ?a casa caísse na cabeça das crianças?. A família mora na esquina das Ruas Conselheiro Ferreira Pinto e Gilberto Sabino, atrás do prédio da Editora Abril. Após ir para um hotel com o marido, dois filhos e dois netos, ela tentou no sábado voltar para buscar roupas e objetos pessoais, mas foi impedida pelos bombeiros, por risco de novos desabamentos. Na garagem, Itália aponta rachaduras de até 2 metros no muro e piso. O temor de perder as casas era o principal assunto na sala do café da manhã do Hotel Golden Tower, onde cerca de 50 famílias lotam 96 apartamentos, com diárias de R$ 164. ?Aqui (no hotel) não falta nada. Só a cama. Não tem igual à cama da gente?, diz o marido, Domingos. ?Mas, para aquela casa, eu não volto.? Itália e Domingos pensam em deixar a cidade. ?Sabe de onde eu vim, minha filha? De São Gotardo, aquela cidadezinha que os bandidos invadiram, sabe??. No dia 10, moradores de São Gotardo (MG), foram feitos reféns num assalto a uma agência bancária. Em um quarto no 8º andar do Golden Tower, os pedreiros Vilson Bezerra, de 32 anos, e Joselito Alves Feitosa, de 31, só pensavam em voltar para Alagoas, onde deixaram família. Eles pintavam um apartamento de um prédio de quatro andares atrás da Editora Abril, enquanto a proprietária passava férias na praia. ?A gente está muito assustado.? Sozinho em uma das mesas de café da manhã do hotel, o comerciante Vito Gobernatti, de 72 anos, vive uma situação que, para ele, não é nova. Há seis meses, passou uma semana no mesmo hotel, após uma explosão provocar rachaduras em sua casa de 110 metros quadrados, na esquina das Ruas Gilberto Sabino e Capri. Na época, as empresas que fazem a obra do metrô providenciaram sua hospedagem e reforma da casa. Dessa vez, o susto foi maior. Quando a cratera abriu, Vito viu azulejos da cozinha soltarem, o vidro de janelas trincarem e a casa tremer. ?Pensei que não ia escapar. Não quero ficar mais nem um minuto ali.? A mulher dele, Carmem, de 64 anos, foi para a casa de uma filha porque não queria separar-se da cadela Bolinha. A construtora da obra providenciou hospedagem de animais em pet shops da região, com diárias de R$ 40,00. Segundo balanço da Defesa Civil divulgado no o sábado, 55 residências estão interditadas na região próxima á cratera. As 132 pessoas retiradas das casas foram levadas para dois hotéis. O número de desabrigados, no entanto, pode ser maior porque algumas pessoas optaram por ficar na casa de familiares. Das 55 residências, 17 estão localizadas na rua Capri, 26 na rua Gilberto Sabino e 12 apartamentos em um edifício da rua Conselheiro Pinto. Ainda não há previsão de retorno das famílias para as casass. Adriana Carranca e Alexandra Penhalver

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.