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Casal Hernandes pode voltar em junho

É quando termina o período de liberdade condicional nos EUA

Por Adriana Carranca
Atualização:

Estevam e Sonia Hernandes, fundadores e líderes da Igreja Cristã Apostólica Renascer em Cristo, podem voltar ao Brasil a partir de junho, quando terminam de cumprir o período de liberdade condicional nos Estados Unidos. A informação é do advogado do casal, Luiz Flávio Borges D?Urso, também presidente da seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) Condenados por conspiração e contrabando, em agosto de 2007, eles já passaram 140 dias em uma cadeia americana e cinco meses em prisão domiciliar, além de pagar multa de U$ 30 mil cada um. O Ministério Público de São Paulo chegou a pedir a extradição do casal para o Brasil, onde responde por crimes como lavagem de dinheiro, mas o pedido foi suspenso por uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), em outubro. O casal foi preso em janeiro de 2007 no Aeroporto de Miami ao tentar entrar no país com US$ 56.467 escondidos em uma Bíblia, em CDs gospel e em duas bolsas, embora tivessem declarado à alfândega U$ 10 mil cada um. No Brasil, os Hernandes respondem por lavagem de dinheiro, estelionato e falsidade ideológica na 1ª Vara de Justiça Criminal de São Paulo - os advogados de defesa tentaram arquivar o processo, mas o STF rejeitou o pedido. Na denúncia, o Ministério Público de São Paulo refere-se à segunda maior comunidade neopentecostal do País como uma "organização criminosa montada para lavar dinheiro proveniente de estelionato". O MP levantou cerca de cem ações civis por cobrança de dívidas contra integrantes da Igreja - são processos trabalhistas, fiéis reclamando que foram obrigados a fazer doações, locatários que nunca receberam o dinheiro de aluguéis dos templos. Sonia e seu filho, Felipe Daniel Hernandes, chamado de bispo Tide, respondem por outro processo, na 1ª Vara Criminal, pela propriedade da torre de TV que pertence à Igreja Renascer e transmite a programação da Rede Gospel, localizada na esquina da Rua da Consolação com a Avenida Paulista. Segundo denúncia dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), apesar de ter sido construída com contribuições de fiéis, a torre pertence à FH Comunicações - empresa de Sonia e seu filho. MERCADORES DA FÉ Tantos escândalos abalaram a fé de alguns fiéis e provocaram rachas na Renascer. Um grupo de ex-pastores e missionários tenta se organizar para fundar uma outra Renascer, por enquanto chamada de Associação Renascer. Dissidentes criaram páginas na internet com denúncias contra seus integrantes. Um deles, O Fuxico Renascer - Os Bastidores da Dissimulação, é alimentado por ex-fiéis descontentes. Alguns dos comentários sobre a queda do teto do templo atribuíam a tragédia à "justiça Divina", colocavam questões como "a Força do Mal é maior que a do Bem?", acusavam a Renascer de "usar a palavra de Deus exclusivamente para seus interesses" e pediam orações pelos "falecidos, enganados como milhões de pessoas". O casal é dono de um patrimônio estimado em R$ 20 milhões, que inclui uma mansão em Boca Raton, na Flórida (EUA) - avaliada em U$ 465 mil - e uma fazenda de 45 hectares em Mairinque, a 70 km de São Paulo, comprada pela Igreja em 2001 por R$ 1,8 milhão. Os bens estão bloqueados pela Justiça e não podem ser vendidos. O casal que arrebatou milhões de fiéis levava uma vida normal antes de fundar a Igreja, em 1986. Ele, um ex-corretor de imóveis. Ela, vendedora de roupas. O império religioso começou a ser construído na casa dos dois, onde eram realizadas orações em grupo. E, desde o início, era gerido como empresa. Foi a primeira Igreja do País a apostar na classe média e no público jovem, e a tentar popularizar a cultura gospel com uma programação moderninha, capitaneada por Sonia na TV. Hoje, a Fundação Renascer, mantenedora do império construído pelo casal, tem 1.500 templos no Brasil, com 60 "bispos" - nomeados por Hernandes - e cerca de 2.500 pastores, redes de rádio e TV, uma gravadora, uma editora e filiais em países como Argentina, Uruguai, Espanha, EUA e Japão. Dos EUA, divulgaram ontem nota de pesar. Classificaram a tragédia de "grande fatalidade".

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