BELO HORIZONTE - Entre os indícios do envolvimento do goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, e de outros suspeitos no desaparecimento de Eliza Samudio, de 25 anos, a Polícia Civil trabalha com o que chama de "provas subjetivas e objetivas".
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A principal "materialidade indireta" do caso, segundo o delegado Edson Moreira, foi a tentativa de ocultação do bebê de Eliza, que a jovem alega ser de Bruno. A localização da criança, na madrugada do dia 27 último, em Contagem (MG), levou à prisão de Dayanne Souza, mulher de Bruno - que ganhou o direito de responder em liberdade.
Pelos depoimentos colhidos até o momento, a polícia tem convicção de que ela teria tentado ocultar o paradeiro da criança a mando do goleiro, que relutava em reconhecer a paternidade do suposto filho.
Com a dificuldade de encontrar um possível corpo, a Polícia avança na tese de homicídio sem a localização do cadáver. O delegado destacou que o inquérito "caminha" para o indiciamento de Bruno e outros suspeitos por homicídio. "O artigo 158 do Código de Processo Penal me faculta o seguinte: quando o crime deixar vestígios eu tenho que fazer o corpo delito. O corpo de delito pode ser direto ou indireto. Direto seria o corpo. O indireto, vestígios ou provas testemunhais que me provem que aconteceu aquele determinado crime."
DEPOIMENTO
A Polícia Civil mineira já reuniu os subsídios que considerava necessários para ouvir o goleiro Bruno no inquérito.
O delegado informou hoje que iniciou uma negociação com os advogados do atleta para que ele preste depoimento nesta sexta-feira, durante o fim de semana ou no mais tardar na próxima semana.
O interrogatório deverá ser feito em data próxima à divulgação do resultado do exame de DNA no sangue encontrado na caminhonete do goleiro.
Bruno é considerado o "suspeito número 1" no inquérito que apura o sumiço da jovem, sua ex-amante e com quem teria um filho de 4 meses.
PATERNIDADE
Eliza cobrava na Justiça do Rio o reconhecimento da paternidade da criança, registrada com o nome de Bruno. Ela está desaparecida há quase um mês, desde o início de julho, quando teria vindo a Minas a convite do goleiro.
A partir de sexta-feira, os delegados responsáveis pelo caso pretendem ouvir também Luiz Henrique Romão, o Macarrão - espécie de braço-direito de Bruno e um dos principais investigados -, sua mulher e dois primos do jogador.
DAYANNE
A mulher do goleiro, Dayanne Souza, de 23 anos, deverá depor novamente nesta quarta-feira, 7, segundo Quaresma. Dayanne, que chegou a ser presa em flagrante por subtração de incapaz ao tentar esconder o bebê após o cerco policial, ganhou o direito de responder em liberdade. A polícia, contudo, quer esclarecer contradições de seu depoimento com o de testemunhas.
Nesta terça-feira, Moreira confirmou que pessoas que estiveram no sítio de Bruno em Esmeraldas, na região metropolitana da capital mineira, disseram ter visto Dayanne no local no período investigado, nos dias 05 e 06 de junho. Em depoimento anterior, ela havia alegado que chegou ao sítio apenas no dia 23 e não confirmou a presença de Eliza no local.
Os delegados responsáveis pelo caso colheram hoje o depoimento da avó de Bruno, Estela Santana Trigueiro, de 78 anos. A idosa, que criou o goleiro - abandonado pela mãe com três dias de vida -, foi ouvida em casa, em Ribeirão das Neves.
LAGOA
O Corpo de Bombeiros encerrou nesta tarde, sem sucesso, as buscas pelo suposto corpo de Eliza na Lagoa Suja, no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.
Os policiais vasculharam o local após uma denúncia anônima, que dizia que o corpo da jovem teria sido jogado no local amarrado a pedras e estaria no fundo da lagoa - que fica próxima à residência de Macarrão e funcionários do sítio de Bruno que estão sendo investigados. Na região, durante uma diligência os policiais também encontraram escondido em uma casa o filho da jovem. A hipótese de esvaziar a lagoa foi descartada.
Moreira tratou com cuidado a apreensão por policiais da Divisão de Homicídios no Rio, na casa de Bruno, de um adolescente de 17 anos que teria confessado envolvimento no sequestro e agressão a Eliza. "Pintou uma hipótese, essa hipótese vai ser checada", disse o chefe das investigações conduzidas pela polícia mineira.