08 de agosto de 2013 | 23h25
O procurador de Justiça Francisco Cembranelli, que foi o promotor do caso Isabella Nardoni, afirma que um novo laudo sobre o assassinato da menina não será capaz de provocar uma reviravolta na condenação. O relatório, feito nos Estados Unidos a pedido do advogado de defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá e divulgado nesta quinta-feira pelo Estado, mostra que os ferimentos no pescoço de Isabella não teriam sido feitos por mãos.
Cembranelli disse ao Estado que a perícia contestada pelo novo laudo não é a única que coloca o casal na cena do crime. Isabella foi morta em 2008, aos 5 anos. Em 2010, o pai e a madrasta da menina foram condenados pelo assassinato.
Laudo dos EUA poria em xeque caso Isabella
O procurador questiona a isenção do relatório do diretor do Instituto de Engenharia Biomédica da George Washington University, James K. Hahn, a pedido do advogado Roberto Podval. "Não tive acesso ao material, mas me parece que foi encomendado pelo advogado de defesa. Quando você contrata um parecer, a opinião é ao gosto do freguês, é o que o cliente espera para utilizar em sua defesa."
Segundo Cembranelli, os peritos de São Paulo "tiveram Isabella nas mãos durante 9 horas e não apenas por fotografias". "Os peritos manusearam o corpo, fotografaram, deram depoimento. Essa prova não foi feita por um cidadão que pegou o caso por fotografia, cinco anos depois, e comparou com um molde das mãos do casal."
O procurador afirma ainda que perícias brasileiras apontam que o arbusto do jardim estava intacto após a queda da menina. "É mentira que ela tenha arranhado o pescoço no arbusto (uma das possibilidades apontadas pelo laudo americano)."
Ele não vê probabilidade de o relatório ser aceito em um pedido de habeas corpus. "Não se costuma permitir a discussão do mérito em habeas corpus. Mas como no Brasil tudo é possível e os habeas corpus são interpostos a cada semana, tratando o mesmo tema, pode ser até que algum tribunal aceite. O importante é que não vai alterar nada, temos outras provas."
Perícia nas roupas do casal e reagentes que indicaram sangue pelo apartamento e o GPS que coloca o casal no apartamento no momento em que a menina foi jogada.
Cembranelli diz ainda que o caso é discutido no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Entre as questões levantadas pelos advogados estão a alegação de cerceamento de defesa e a divulgação do caso pela imprensa, o que poderia ter comprometido o entendimento do júri. "São questões periféricas que não têm a ver com o mérito."
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