Casos de estupro aumentam 125% no Rio de Janeiro

Para polícia, número está ligado à diminuição da subnotificação; primeiro semestre tem alta em relação a 2008

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Por Pedro Dantas e O Estado de S. Paulo
Atualização:

As denúncias de estupro no Rio aumentaram 125% no primeiro semestre de 2009 em relação ao mesmo período do ano passado. Apenas neste ano já foram feitas 762 ligações ao Disque Denúncia com queixas e informações sobre esse tipo de crime. Em maio, as delegacias registraram 141 vítimas da violência sexual. Um crescimento de 44% no número de mulheres estupradas em relação ao mesmo mês em 2008.

 

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Pesquisadores do Disque Denúncia acreditam que a situação é preocupante. No entanto, as autoridades policiais avaliam que o crescimento dos estupros está ligado à diminuição da subnotificação do crime, que ocorria no passado por falta de coragem das mulheres em denunciar os agressores à polícia.

 

De acordo com Michelle Jorge, gerente do Núcleo de Violência Doméstica Contra Mulher do Disque Denúncia, as denúncias devem acender a luz vermelha para as autoridades. "Não é normal esse crescimento. As denúncias indicam que há uma difusão desse crime no Rio. Isso está confirmado pelo crescimento dos registros de ocorrências nas delegacias. O poder público deve identificar e punir os culpados e incrementar a rede de acolhimento às vítimas", avaliou Michelle.

 

Apenas neste mês, o Disque Denúncia recebeu 102 telefonemas com informações sobre estupros. No ano passado, foram 59 denúncias em julho. As zonas oeste e norte concentram o maior número de informações repassadas à polícia por telefone. O bairro de Campo Grande liderou as queixas no primeiro semestre deste ano, com 26 telefonemas, seguido por Bento Ribeiro, no subúrbio do Rio, Jacarepaguá e Santa Cruz, também na zona oeste. Na zona sul, o bairro de Copacabana é o que mais recorreu ao Disque Denúncia, com dez telefonemas.

 

Menos subnotificação

 

As autoridades policiais, no entanto, negam que a violência aumentou e atribuem o crescimento do estupro a uma redução da subnotificação por causa da instalação das nove unidades da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) pelo Estado e a conversões delas em modelo de Delegacia Legal.

 

"O crime não aumentou. Os registros de ocorrência aumentaram, porque a mulher tem mais coragem para denunciar. Esse é um movimento que acontece desde a promulgação da Lei Maria da Penha e ocorre no País inteiro", afirmou a delegada titular da Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher, Marta Rocha.

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