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Cativeiro tinha documentos de Celso Daniel

Por Agencia Estado
Atualização:

A polícia encontrou na tarde desta quinta-feira o local usado como cativeiro do prefeito de Santo André, Celso Daniel: um salão da Rua Guaicuri, 80, Favela Pantanal, em Cidade Júlia, na divisa da zona sul da capital com Diadema. Entre os papéis apreendidos havia um canhoto de recibo de pagamento do plano de saúde do Clube Sul América Saúde e Vida em nome de Celso Augusto Daniel. Foi também recolhido o IPVA da Blazer verde encontrada dias depois do seqüestro, queimada, no lixão ao lado da favela. No começo da noite a polícia prendeu um suspeito do assassinato. O diretor da Divisão de Crimes Contra o Patrimõnio, do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic), informou que era apenas um ?averiguado?. A Blazer está sendo examinada pela perícia, que teria encontrado no veículo incendiado fragmentos da tinta da Pajero onde estavam o prefeito e seu amigo Sérgio Gomes da Silva quando foram atacados. ?Os indícios de que o local foi cativeiro do prefeito são mais do que fortes?, declarou o delegado Edson Remígio Santi, do Deic, responsável pela descoberta do imóvel. A polícia tem os apelidos dos seis homens que moravam e freqüentavam o local e estão sendo procurados desde o começo da semana. Um deles seria o suspeito detido. Os investigados são assaltantes que começaram com seqüestros relâmpagos e passaram para crimes de extorsão mediante seqüestro. Denúncia O delegado não quis adiantar detalhes da investigação. Explicou ter recebido no início da semana a informação de que o cativeiro de Daniel ficaria na Pantanal. ?É preciso acreditar em tudo e nós acreditamos?, declarou Santi. Na mesma favela, policiais civis e militares descobriram no ano passado outros cativeiros. ?Fizemos um levantamento antes de chegarmos ao salão e depois decidimos invadi-lo.? Segundo o delegado, no local funcionava um bar explorado por um homem apelidado de Mineiro, que morava na favela havia alguns anos. No começo do ano passado, ele foi expulso da Pantanal por ladrões e traficantes, que fecharam o bar e passaram a usar o imóvel como cativeiro e desmanche de veículos roubados. Quando os investigadores e delegados chefiados por Santi invadiram o salão, pouco antes das 15 horas, não havia ninguém. Moradores disseram que desde que o corpo do prefeito foi encontrado os homens que freqüentavam o local desapareceram da Pantanal. Nos fundos do salão os policiais encontraram caixas com documentos, garrafas de plástico e papéis, entre os quais o IPVA de uma Blazer branca roubada e já localizada pela polícia. Havia também peças de carros, documentos de identidade possivelmente roubados e de veículos também furtados e roubados. ?O que nos chamou a atenção foi o canhoto da correspondência em nome do prefeito de Santo André, que pode ter sido tirado do bolso dele durante as horas em que ele ficou naquele cativeiro?, disse um policial da equipe de Santi. Ele também afirmou que com o IPVA da Blazer queimada os indícios são ainda mais fortes da ligação dos homens que ocupavam o salão com o seqüestro do prefeito Celso Daniel. A Blazer verde encontrada queimada foi vista estacionada na porta do salão horas depois do seqüestro do prefeito, no dia 18. O canhoto do plano de saúde de Daniel foi achado numa poça d?água. Toda a documentação apreendida está sendo examinada pela perícia e pelos policiais chefiados por Santi. Cegos e surdos Na favela, amedrontadas, as pessoas que moram perto do salão se negam a dar detalhes sobre os homens que freqüentaram por quase um ano o salão. ?Eles disseram que naquele local todos são cegos, surdos e mudos, porque do contrário, morrem?, revelou o delegado. A doméstica Maria da Paz Silva Amorim, vizinha do barraco apontado pela polícia como possível cativeiro do prefeito Celso Daniel, negou anteontem ter qualquer relação com o caso. Ela disse que vários policiais invadiram sua casa ontem à tarde, por volta das 14h30, enquanto estava no serviço, e reviraram suas coisas, deixando uma grande bagunça. Também teriam espancado seu filho Luciano, de 19 anos, e dado um tapa no rosto da filha Cintia, de 22.

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