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Celso Daniel, um administrador bem preparado

Por Agencia Estado
Atualização:

Assassinado em um seqüestro de que foi vítima na noite da última sexta-feira, o prefeito de Santo André, na região do ABC paulista, foi um dos fundadores do PT. Celso Augusto Daniel tinha 50 anos e exercia seu terceiro mandato. Ele ocupou o cargo pela primeira vez de 1989 a 1992. Em 1994, foi eleito deputado federal, com 97 mil votos; em 1997, voltou à Prefeitura para exercer o mandato até 2000, quando foi reeleito. O seqüestro Daniel foi seqüestrado quando saía com um amigo de um jantar em um restaurante do bairro do Jardim da Saúde, na zona sul de São Paulo. Logo depois, seu carro foi cercado por outros três veículos, em uma rua que fica perto da Via Anchieta. As pessoas que estavam nos carros dispararam contra o carro do prefeito, atingindo dois vidros e pneus e obrigando-o a parar. Os seqüestradores mandaram o amigo de Celso Daniel descer e levaram o prefeito. Carreira Daniel era o coordenador do programa de governo do PT para a Presidência da República em 2002. Formado em engenharia civil pela Escola de Engenharia Mauá, em 1973, o prefeito também obteve mestrado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e doutorado em Ciências Políticas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Ele era diretor-geral da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e fundador do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, composto pelos sete prefeitos da região. Celso Daniel presidiu o Consórcio em 1991, 1992 e 1997. Na Câmara dos Deputados, ele atuou na Comissão de Reforma Tributária e Fiscal da Câmara. Em junho do ano passado, Daniel representou o Brasil na Conferência Mundial Istambul+5, promovida pelo Programa Habitat das Nações Unidas. O prefeito do ABC foi o único a expor uma experiência brasileira no congresso e um dos quatro escolhidos entre experiências da América Latina. Daniel integrava a Articulação/Unidade na Luta, a facção moderada do PT que é liderada por Luiz Inácio Lula da Silva. O amigo de Daniel Sérgio Gomes da Silva, o amigo do prefeito que estava com ele no momento do seqüestro, foi denunciado por ligações suspeitas com empresas fornecedoras da prefeitura de Santo André. Reportagem publicada pelo Estado em 18 de abril de 2000 revelou que Silva recebeu rendimentos (R$ 272 mil) de uma empresa de Ronan Maria Pinto, que presta serviços à prefeitura. Além disso, Silva é co-proprietário do empresário em dois imóveis ? com valor declarado de R$ 280 mil. Ronan é dono, entre outras empresas, da Rotedalli Serviços e Limpeza Urbana, que tem contratos de pelo menos R$ 1,7 milhão com a prefeitura de Santo André. Parte deles, no valor de R$ 526 mil, foi feita sem licitação. A Rotedalli foi constituída em Catanduva (SP) em 20 de novembro de 1996, 40 dias antes de Daniel assumir o cargo. De lá para cá, seu capital social declarado passou de R$ 562 mil para R$ 4,1 milhões. Além da Rotedalli, duas empresas de Ronan ? Coxipó Transportes Urbanos, com sede em Cuiabá, e Transporte Vila Prudente (Transvipa), em São Paulo ? também pagaram Silva. A relação comercial entre Silva e Ronan começou em 1977, ano em que Daniel iniciou seu segundo mandato. No primeiro, entre 1989 e 1992, Silva era assessor do prefeito. Ele também assessorou Daniel nos dois anos em que o petista exerceu mandato de deputado federal (1995 e 1996). Sua proximidade com o prefeito lhe rendeu o apelido de Sérgio Sombra.

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