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Cemig quer decidir como fará racionamento

Por Agencia Estado
Atualização:

A direção da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) levou esta semana à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a proposta de que a empresa tenha autonomia para gerenciar o racionamento de eletricidade, caso a medida seja adotada pelo governo federal. A Cemig desenvolveu um programa, com 83 ítens, para tentar economizar, entre abril e o início do período sas chuvas, 5% da potência instalada da estatal, de 5,8 mil megawatts. O setor industrial se sente prejudicado com o planejamento da empresa, que propõe um "deslocamento da produção" dos grandes consumidores para horários de menor consumo de energia. Segundo o diretor de produção da Cemig, Aloísio Vasconcelos, 128 clientes industriais da estatal mineira serão chamados para renegociar os seus contratos, com a mudança nos horários de fornecimento de energia e de pico de suas atividades. A idéia é fazer com que a produção industrial seja concentrada em períodos de menor demanda por energia. "Esperamos obter os primeiros resultados dessas medidas em 45 dias", disse Vasconcelos. Entre os projetos, estão também a redução de 25% na iluminação pública nas principais cidades do Estado, com apoio de prefeitos - de cada quatro postes de luz, um fica apagado -, suspensão da iluminação de monumentos públicos, e uma ampla campanha de conscientização dos consumidores residenciais, que não deverão sofrer racionamentos, para o desperdício de energia. "O governador Itamar Franco nos orientou a evitar prejuízos ao consumidor residencial, que não pode ser responsabilizado por um problema provocado pelo governo federal", disse Vasconcelos. O tratamento diferenciado de consumidores residenciais e industriais, proposto pela Cemig - que ainda depende de aprovação da Aneel para implantar as medidas - já gerou protestos entre empresários do Estado. Segundo o vice-presidente da Federação das Indústrias de Minas (Fiemg), Petrônio Zica, todos deveriam participar de um esforço para evitar os riscos de desabastecimento. "O chamamento que a Cemig está fazendo devia ser muito forte também para os particulares, não apenas para as indústrias", disse. De acordo com ele, caso as grandes indústrias tenham que mudar seus horários de atividade, a perda na produção será de pelo menos 10%. "A Cemig está dizendo que vai deslocar a produção das empresas do horário de pico, mas isso não existe, porque vamos é desligar as máquinas", afirmou Zica. "Agora que estamos retomando as atividades, com bastantes encomendas e com as fábricas em plena produção, uma medida dessas seria um retrocesso, seria terrível para o setor industrial", completou.

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