'Cena choca pela selvageria', diz deputado após visitar presídio em RR
Segundo Hiran Gonçalves, identificação dos corpos será trabalhosa já que maioria dos mortos foi decapitada ou esquartejada
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Por Erich Decat
Atualização:
BRASÍLIA - "É uma cena que choca pela brutalidade, pela violência, pela selvageria". Essa é a forma como o deputado federal Hiran Gonçalves (PP-RR) conseguiu descrever o cenário deixado na madrugada desta sexta-feira, 6, na Penitenciária Agrícola de Boa Vista (PAMC), onde 31 detentos foram mortos.
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Médico-legista aposentado, o deputado esteve no local do novo massacre no início da tarde. "Sai há pouco da penitenciária. Aparentemente foi uma guerra entre a mesma facção. A maioria dos detentos que estão ali são do PCC e houve uma guerra entre os presos mais antigos com os mais novos", afirmou ao Estado o parlamentar.
Segundo ele, um dos problemas enfrentados no momento é com a "montagem" dos corpos daqueles que após serem mortos, tiveram parte do corpo dilacerada. "A nossa estrutura de remoção de cadáveres não está dimensionada para eventos dessa natureza. Até para a gente fazer a remoção dessa quantidade de cadáveres é um problema. Para se ter uma ideia, eu sai de lá há cerca de uma hora e ainda havia cerca de 20 cadáveres para serem removidos. Um dos problemas encontrados é o fato de integrantes da equipe de necropsia terem de montar os cadáveres. A maioria foi decapitada e muitos tiveram seus corações e vísceras arrancados e até membros inferiores dilacerados", relatou o parlamentar.
Relembre massacres em presídios pelo País
1 / 13Relembre massacres em presídios pelo País
Penitenciária Agrícola de Monte Cristo
31 presosforam mortosna madrugada do dia 6 de janeiro naPenitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima. O massacre ocorreu cinco dias após a morte... Foto: REUTERS/JPavaniMais
Compaj
Compaj, Manaus-AM, 2 de janeiro de 2017.Um sangrento confronto de facções no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, deixou56 mortos ... Foto: Edmar Barros/Futura PressMais
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Carandiru, São Paulo-SP, 2 de outubro de 1992.Na véspera das eleições municipais, 111 presos foram mortos durante a invasão da Tropa de Choque da Polí... Foto: Hélvio Romero/EstadãoMais
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Carandiru, São Paulo-SP, 2 de outubro de 1992.Multidão de parentes e curiosos lota a entrada da Casa de Detenção de São Paulo, em Santana, na zona nor... Foto: Heitor Hui/EstadãoMais
Carandiru
Carandiru, São Paulo-SP, 5 de outubro de 1992.Presos penduram faixa demonstrando luto no Complexo Penitenciário do Carandiru, três dias após o massacr... Foto: Itamar Miranda/EstadãoMais
Carandiru
Carandiru, São Paulo-SP.Vista aérea de detentos na Penitenciária do Estado no Complexo do Carandiru durante a ocorrência uma série de rebeliões em div... Foto: Monica Zarattini/EstadãoMais
Carandiru
Carandiru, São Paulo-SP, 2 de outubro de 1992.O massacre no Carandiru registrouo maior número de mortos em presídios brasileiros na história. Foto: Epitácio Pessoa/Estadão
Pedrinhas
Pedrinhas, São Luís-MA, novembro de 2010.O Complexo Penitenciário no Maranhão teve uma rebelião que resultou em 18 presos mortos por rivais. O local t... Foto: Márcio Fernandes/EstadãoMais
Pedrinhas
Pedrinhas, São Luís-MA, novembro de 2010.Detento durante banho de sol no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Foto: Márcio Fernandes
Urso Branco
Urso Branco,Porto Velho-RO, 3 de janeiro de 2002.Vinte e setedetentos foram mortos por outros presos quando a Polícia Militar entrou na Casa de Detenç... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Urso Branco
Urso Branco,Porto Velho-RO, 3 de janeiro de 2002.Rebelados no telhado do PresídioUrsoBranco, em Porto Velho, no Estado de Rondônia, exibem faixas, enq... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Casa de Custódia Benfica
Benfica, Rio de Janeiro/RJ, 2 de junho de 2004.Uma batalha que durou mais de 60 horas entre duas facções criminosas terminou com 31 presos e um agente... Foto: Marcos de Paula/EstadãoMais
Benfica
Benfica, Rio de Janeiro/RJ, 2 de junho de 2004.Fuga e rebelião na Casa de Custódia de Benfica, antigo Ponto Zero, na zona da Leopoldina, zona norte do... Foto: Marcos D'PaulaMais
De acordo com o deputado com a presença da equipe de elite da Polícia Militar o ambiente no local, no momento, é de certa tranquilidade. "Agora está mais calmo. O Bope está lá dentro com cerca de 50 homens, os presos estão nas alas. Tem uma ala que se chama favela que era uma quadra de esportes usada por presos de menor potencial ofensivo. Esses presos estão todos lá, isolados para a realização de uma contagem", disse.
Integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito do Sistema Carcerário, o deputado discorda das considerações do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que não vê no massacre desta madrugada a criação de uma possível onda de matança dentro dos presídios. "Apesar de o ministro achar que não tem conexão com o caso de Amazonas, eu acho que o clima de violência contamina os demais presídios".
Em entrevista concedida na manhã desta sexta no Palácio do Planalto, o ministro afirmou que o que está acontecendo no País é o que se chama, no sistema prisional, de "morte oportunista", quando, a partir de uma rebelião, os presos começam a querer agir contra os seus desafetos.