Centrais telefônicas instaladas em diversos municípios do Rio Grande do Sul serviam de apoio para organizações criminosas encomendarem roubos, assaltos, compra de drogas e assassinatos de dentro dos presídios. A Polícia Civil e a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) começaram a desmontar o esquema no final de semana, com a apreensão dos equipamentos numa casa de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. Nesta segunda-feira foi localizada a segunda central, em Canoas, cidade que também faz divisa com a capital gaúcha. A investigação começou há nove meses e já levou à prisão 38 pessoas.O delegado Rodrigo Zucco, que comanda a operação, anunciou que já sabe de dezenas de casos semelhantes e que todos os envolvidos serão acusados de formação de quadrilha e estelionato. Além de acionar uma rede criminosa, o esquema lesava as operadoras de telefonia. As linhas para as centrais eram adquiridas por portadores de documentos falsos, que usavam o serviço sem pagá-lo e, depois do corte, aplicavam o golpe novamente, com outros nomes e endereços. Usando celulares, os presidiários faziam ligações a cobrar para a central e eram colocados em contato com seus interlocutores pelo sistema de teleconferência.Cada interessado no ?serviço? pagava R$ 15 por semana a quem comandava o esquema, quase sempre um líder dentro das penitenciárias e operadores nas casas onde as linhas estavam instaladas. O prejuízo mensal das companhias telefônicas é estimado em R$ 2,5 mil para cada linha. Com as informações ouvidas durante a investigação, a polícia conseguiu evitar diversos crimes e prender quadrilhas em flagrante.