Cerco a casa com reféns durou 3 h

Bandidos invadiram residência porque encontraram menina de 8 anos no portão; mais 3 pessoas foram dominadas

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Os bandidos chegaram correndo à Rua Alberto Pierrotti, no Jardim Jaçanã, na zona norte. Escolheram a casa 154 como esconderijo porque encontraram no portão Milene, de 8 anos. Armados com um fuzil e uma pistola, os ladrões apanharam a menina e entraram na casa, fazendo mais três reféns. Atrás deles, vinham dezenas de policiais militares. Três deles tentaram invadir a casa e acabaram alvejados pelos criminosos. O cerco durou três horas, mobilizou helicópteros da PM e mais de uma centenas de policiais. A Rua Alberto Pierrotti e a Avenida Josino Vieira de Góes foram isoladas pelos policiais. Atiradores de elite foram colocados no telhados em torno da casa. No imóvel em reforma, havia ao lado um salão alugado para uma igreja evangélica. Ali se protegiam os policiais com receio dos disparos feitos por um dos ladrões. No corredor da casa estavam estendidos os três PMs baleados. EXIGÊNCIAS Nenhum dos policiais sabia ao certo o número de criminosos que se havia refugiado no interior da casa. Não sabiam também quantos eram os reféns dos bandidos. Um único homem conversava com os policiais. Tratava-se de Elielton Aparecido da Silva, de 32 anos, o Tales. Nervoso, o ladrão exigia a presença dos policiais da Delegacia de Roubos a Bancos para negociar. Dizia que não queria conversa com os PMs e não aceitava ser conduzido por um carro da PM à delegacia, caso se entregasse. O assaltante também exigiu a presença de um advogado. Os policiais respondiam que, se ele não deixasse que os feridos fossem socorridos, iam invadir a casa. O impasse durou cerca de duas horas até que o criminoso deixou que os PMs baleados fossem retirados pelos fundos da casa. Dois deles foram levados para o Santa Casa do Jaçanã. O terceiro, o soldado do 43º Batalhão da Polícia Militar Ailton Tadeu Lamas, de 44 anos, estava morto. Pouco depois chegava ao local o advogado Isaac Minichillo, que defendeu os integrantes da quadrilha responsável pelo furto de R$ 164 milhões em 2005 do Banco Central de Fortaleza. Minichillo foi chamado para o local do cerco pelo delegado Ruy Ferraz Fontes, titular da Delegacia de Roubo a Bancos. Fontes foi o responsável pela negociação com o bandido. Pouco antes de o criminoso se entregar, uma das reféns apareceu na janela da casa e conversou com os policiais para garantir que todos estavam bem. Além da menina Milena, estavam na casa sua avó Alzira Santos da Silva, de 61 anos, Jéssica, de 17, e Kelly Cristina Adão, de 24. Ericksen Ribeiro da Silva, de 22 anos, irmão de Milena, havia saído às 14h20, dez minutos antes da chegada dos bandidos. Quarenta minutos antes do fim do cerco, dois tiros foram disparados. VIZINHOS Enquanto isso, os vizinhos se fecharam em suas casa. "Eu ouvi os tiros e fiquei trancada aqui em casa", disse uma das vizinhas, que conhecia um dos policiais baleados. "Ele tinha muito tempo de polícia e estava perto de se aposentar. Era casado e tinha filhos. Saiu da casa morto", diz a vizinha, cujo marido é policial e conhecia Lamas. No local havia policiais de três batalhões da PM - 43º, 9º e 15º -, além de homens de três unidades do Comando de Policiamento de Choque. Entre os policiais civis havia investigadores dos Grupos de Operações Especiais (GOE) e de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), além de homens da 4ª Delegacia Seccional e do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic). Por volta das 17h40, o ladrão Elielton da Silva, o Tales, resolveu libertar os reféns e se entregar. Só então os policiais do Deic tiveram certeza de que ele estava sozinho - seu único companheiro, o assaltante Carlos Antônio da Silva, o Balengo, havia morrido dentro da casa em decorrência dos ferimentos no tiroteio com os PMs. Durante o cerco e a perseguição aos ladrões, os policiais apreenderam três coletes à prova de bala, quatro fuzis e duas pistolas - com os bandidos na casa havia um fuzil e uma pistola. Um dos chefões do PCC, Balengo fugiu da prisão em fevereiro. Tales também era procurado pela polícia sob a acusação de roubo. "Eles não bateram em ninguém na minha casa. Não machucaram ninguém. Graças a Deus acabou", disse Everaldo Ribeiro da Silva, pai da menina Milena. BRUNO TAVARES, JOSMAR JOZINO e MARCELO GODOY

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.