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Cervejarias artesanais da região perdem R$ 500 mil

Expectativa é de que a produção e a distribuição das fábricas volte ao normal dentro de 10 a 15 dias

Por Vitor Hugo Brandalise e Renato Machado
Atualização:

Nem as tradicionais cervejarias de Blumenau - símbolos da cidade, casa da Oktoberfest - escaparam. Após as enchentes, cervejarias artesanais do Vale do Itajaí amargam perda de quase R$ 500 mil e admitem que o verão está comprometido. "Mais do que dinheiro, com o valor simbólico que têm para a região, a recuperação das cervejarias é importante para a recuperação de Blumenau", disse o secretário de Turismo da cidade, Norberto Mette. "Esperamos que produção e distribuição do setor se normalize entre 10 e 15 dias." Na maioria delas, a produção está suspensa desde sábado - especialmente em Blumenau, por dificuldades na distribuição de água.Além das perdas, que variam entre R$ 30 mil e R$ 100 mil, houve cancelamento de eventos, produção encalhada e preocupação com a recuperação das estradas para escoamento da produção. "O mês de dezembro é o mais alto da temporada. Agora, eventos são cancelados todos os dias e o faturamento, que estimávamos subir 100% em relação a um mês comum, deve somente cobrir os custos", afirma Eduardo Krueger, proprietário da cervejaria Bierland, de Blumenau, sem água desde sábado. Em dezembro a cervejaria produz cerca de 80 mil litros - neste ano, devem ser 40 mil. "O cálculo não foi fechado, mas deve ficar na casa dos R$ 100 mil", afirma. A Eisenbahn, a maior da região, deixou de produzir cerca de 40 mil litros desde que o fornecimento de água foi suspenso, no sábado. Em Indaial, a Heimat deve deixar de faturar cerca de R$ 60 mil a cada mês da alta temporada. E refez os planos: em vez de aumentar a produção em 12 mil litros em dezembro, vão diminuir para 10 mil. Em Gaspar, a Das Bier ficou 48 horas isolada pela queda de uma ponte - não sofreu danos materiais, mas os prejuízos começam a aparecer. "Tivemos 11 eventos cancelados e paramos de produzir no sábado. No verão, temos aumento de 30% na produção, mas neste ano deve ficar no zero", afirma o gerente Emerson Bernardes. Na alta temporada, cerca de 600 mil litros são produzidos na região para distribuição, principalmente, no litoral de SC. "O problema é que as cervejarias atingidas escoam a produção principalmente nas praias do norte, em Florianópolis e no próprio Vale do Itajaí, as regiões mais devastadas", diz o presidente da Associação de Cervejarias Artesanais de Santa Catarina, Edgard de Freitas. O abastecimento de água não é o problema da ZeHn Bier, de Brusque, que possui um poço artesiano. Mas as atividade estão paradas desde segunda, porque o combustível que move a linha de produção é o gás natural, que teve o fornecimento interrompido após uma explosão no gasoduto em Gaspar. "Estamos tentando nos adaptar para trabalhar com o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), mas é mais que o dobro do preço", diz o gerente Guilherme Albani. A ZeHn Bier previa entregar nesta semana entre 100 e 120 barris, mas até agora somente 3 saíram da fábrica. O prejuízo ultrapassa R$ 30 mil e pode chegar a até dez vezes esse valor na temporada de final do ano. O Vale do Itajaí, diz Albani, faz parte da rota dos turistas que descem de Estados como Paraná e São Paulo. "Eles vão para as praias, mas aproveitam o roteiro das cervejarias. Não temos nem idéia de como será o nosso verão", diz. A tragédia só veio se somar ao período de baixa que vivem as cervejarias. Uma das causas é a entrada em vigor da lei seca, que ficou mais rigorosa em relação ao consumo de álcool antes de dirigir. Os produtores já reclamam das perdas no mês passado, considerado o melhor do ano devido às festas de outubro em Santa Catarina - como a Fenarreco, em Brusque; a Schützenfest, em Jaraguá do Sul; e a Marejada, em Itajaí. Somente na Oktoberfest, em Blumenau, a ZeHn Bier registrou uma queda nas vendas de 18% em relação ao anos passado.

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