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Cesar Maia quer processar meteorologista por previsão errada

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois da previsão furada de que poderia chover até granizo no réveillon - quando o céu ficou limpo -, o prefeito Cesar Maia decidiu processar o chefe do 6º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Luiz Carlos Austin, por ele ter alertado a população sobre a possibilidade de haver um temporal. O presidente da Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Turisrio), Sérgio Ricardo Almeida, também quer entrar na Justiça contra Austin, a quem chamou de "irresponsável". "O primeiro ato é a interpelação. Não se trata de erro de previsão, pois isso acontece todos os dias. Mas da forma que o técnico sublinhou na TV falando de raios e da necessidade das pessoas se abrigarem , de um temporal certo, e tão certo que ele pedia que chovesse antes e logo para não estragar a festa... E as ondas que poderiam crescer a mais de dois metros inviabilizando o evento...", disse o prefeito à Agência Estado, por e-mail. Segundo Luiz Carlos Austin, todas as condições meteorológicas apontavam para a ocorrência de pancadas de chuva no dia 31 - embora não tenha chovido durante todo o dia no Rio. "Foi um consenso entre os meteorologias de que haveria problemas por causa da frente fria. Havia um processo e aquecimento e umidade", afirmou Austin, segundo o qual o índice de acerto de sua equipe é de 85%, o que pode ser considerado uma "marca excelente" - principalmente para uma zona tropical, que é muito instável, acrescentou. "A análise termodinâmica naquele dia indicava a formação de nuvens pesadas, o que poderia causar chuva, trovoadas e até granizo", explicou. Os técnicos do Inmet - que recebeu o certificado de qualidade ISO 9001 - se baseiam no modelo número de previsão (pelo qual alimentam os computadores de informações sobre as condições de pressão, ventos e umidade, entre outras) e em imagens de satélite. Eles usam também o conhecimento climatológico de cada região. César Maia informou que pedirá "o lastro em documentos oficiais que respaldavam declarações tão enfáticas que poderiam criar pânico", referindo-se a entrevistas dadas por Austin à imprensa na véspera do ano novo. "Se chovesse, mesmo que pouco, poderia ter havido pânico", acredita o prefeito. Absurdo - O presidente da Turisrio acusou o meteorologista de estar a serviço de uma outra cidade turística que não o Rio. "O que ele fez foi um absurdo. Poderia ter havido uma desistência em massa de turistas que passariam o réveillon no Rio, o que traria um prejuízo enorme", disse Sérgio Ricardo de Almeida. A área jurídica da Turisrio já está analisando a questão para acionar Austin. "As pessoas têm de ter responsabiliade. Ninguém precisa ajudar o Rio, mas atrapalhar não pode." O chefe do Inmet disse que o tempo acabou ficando bom na passagem do ano porque o sistema que propiciava chuva foi dissipado pelo vento no decorrer no dia. Segundo Austin, no verão é mais difícil acertar na previsão. Ele contou ainda que vai contactar a direção do órgão em Brasília para se defender caso seja mesmo processado, mas já avisou que não mudará seu trabalho. "Em nenhum momento torci para que chovesse. Prefiro errar por excesso de zelo do que por falta", declarou Austin, que tem 35 anos de carreira. O meteorologista disse que convidou Cesar Maia para conhecer o Inmet, apesar de afirmar que "não quer polêmica". "Ele precisa ver a complexidade e seriedade do nosso trabalho, que tem muita credibilidade. Não somos leigos. Erros de previsão existem em qualquer parte do mundo."

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