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Cesare Battisti deve deixar nesta quinta a prisão da Papuda

Decisão tomada pelo ministro Tarso Genro abriu uma crise entre Brasil e Itália e ameaça presença do País no G8

Por Rosana de Cássia
Atualização:

O ativista italiano Cesare Battisti deve deixar nesta quinta-feira, 15, o presídio da Papuda, em Brasília, onde está preso há quase dois anos. A edição desta quinta do Diário Oficial da União traz o ato do ministro da Justiça, Tarso Genro, que beneficia Battisti, com o status de refugiado. Com isso, o italiano poderá viver em liberdade e trabalhar no Brasil. A ordem de soltura pelo Supremo Tribunal Federal dependia apenas da publicação da decisão do ministro. A decisão do ministro, de conceder o status de refugiado a Battisti, abriu uma crise entre o Brasil e a Itália. Em comunicado oficial divulgado na quarta-feira, 14, o Ministério de Assuntos Estrangeiros da Itália (Farnesina) disparou uma ameaça velada à presença do Brasil na próxima reunião de cúpula do G8, em julho, na Sardenha. Ao expressar sua "surpresa" e "pesar" com a decisão de Genro, a Farnesina censurou a atitude do Ministério da Justiça e informou que apelará diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em favor de uma reversão da decisão de Genro.  Veja também: Ideologia não influenciou concessão de refúgio, diz Tarso Processo do Ministério Público que defere extradição de Battisti  Itália chama embaixador brasileiro e reclama de asilo a Battisti Governo italiano apela a Lula para rever refúgio dado a escritor Advogados de Battisti comemoram decisão de Tarso Battisti é autor de romances policiais na França A tradução diplomática da crise e da insatisfação do governo italiano ficou caracterizada com a convocação pela Farnesina do embaixador brasileiro em Roma, Adhemar Bahadian. O embaixador foi convocado pelo secretário-geral do ministério italiano, Giampiero Massolo, por instrução do chanceler Franco Frattini. Em nota, segundo divulgado pela agência de notícias italiana Ansa, o governo italiano manifestou a "unânime indignação" de todas as forças políticas parlamentares do país com a decisão de Tarso Genro,assim como da opinião pública e dos familiares das vítimas dos crimes atribuídos a Battisti. Militante do grupo de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo, ligado às Brigadas Vermelhas, Battisti participou de uma série de ações terroristas na Itália nos anos 70. Em 1993, foi condenado a prisão perpétua pela morte de quatro pessoas, com base no depoimento de um ex-companheiro.

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