Chances de localizar as caixas-pretas são pequenas

Avaliação é dos franceses, mesmo após chegada de submarino nuclear à área dos resgates

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Por Andrei Netto e PARIS
Atualização:

O porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas da França, capitão Christophe Prazuck, afirmou no início da noite de ontem, em Paris, que as chances de que as caixas-pretas do avião AF 447 sejam localizadas no Oceano Atlântico "são muito pequenas". A avaliação foi feita no dia em que o submarino nuclear Émeraude, equipado de sonares ultrassensíveis, chegou à região do acidente para auxiliar nas buscas. De acordo com Prazuck, a embarcação vai rastrear a cada dia uma área de 36 quilômetros quadrados de forma a varrer toda a extensão da área delimitada em águas de controle brasileiro - situada a 1.150 quilômetros da costa do Recife -, onde o avião supostamente teria caído. A verificação será feita com ajuda de 72 tripulantes e de "ouvidos de ouro", como são chamados os sonares passivos da nave, compostos por hidrofones, microfones submarinos integrados ao casco. Apesar do esforço - pela primeira vez na história da França um submarino é empregado nas buscas de destroços de um avião -, Prazuck não alimenta ilusões. Questionado na noite de ontem pela rede de TV pública France 2, o porta-voz explicou que o possível baixo nível das emissões de rádio pelas balizas afixadas nas caixas-pretas e a existência de cânions abissais na região do acidente tornam as buscas difíceis. "Não sabemos nem mesmo se as balizas ainda emitem. As chances de encontrarmos as caixas-pretas são muito pequenas", resumiu. Horas antes, Jérôme Erulin, chefe da Divisão do Serviço de Informação da Marinha, havia se mostrado mais otimista. "O Émeraude vai se comportar como um grande balão dirigível que circula em uma cadeia de montanhas com um binóculo", definiu. "Nós conhecemos a zona de buscas e poderemos detectar as emissões." REFORÇOS Como complemento ao Émeraude, chega hoje à região o Pourquoi Pas?, navio que traz consigo um submarino robô capaz de vasculhar o fundo do oceano em grandes profundidades. É esse submarino que, em tese, será encarregado de recuperar o Flight Data Recorder (FDR), gravador dos parâmetros de voo, e o Cockpit Voice Recorder (CVR), que registrou as conversas da tripulação durante o voo. Os dois têm o tamanho de caixas de sapatos. Além das embarcações que ajudam na busca às caixas-pretas, as Forças Armadas da França também reforçam suas esquadras para auxiliar na procura dos corpos das vítimas com o navio de guerra Mistral, equipado de helicópteros.

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