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Chefe de Direitos Humanos da ONU cobra resposta sobre mortes no campo no Brasil

Alto comissário para Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, cita chacina de nove trabalhadores rurais ocorrida no último dia 20, na área rural de Colniza no Mato Grosso

Por Jamil Chade
Atualização:

GENEBRA – A violência contra defensores de direitos humanos no Brasil e os conflitos no campo colocam o País na lista de casos que preocupam a ONU. Numa declaração nesta segunda-feira, o alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, fez questão de alertar para o que ele chama de uma “escalada” de violência, sem uma resposta devida da Justiça. 

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Ao colocar o Brasil no mapa de suas preocupações, Zeid ainda citou violações de direitos humanos na Venezuela, países africanos, Iemen, Síria e outros. “Estamos preocupados com o aumento dos ataques nos Brasil contra defensores de direitos humanos”, disse. “O estado precisa lidar com a impunidade”, disse. 

Segundo ele, sua declaração tem uma relação direta com as notícias de uma chacina de nove trabalhadores rurais ocorrida no último dia 20, na área rural de Colniza no Mato Grosso. “Foram nove mortos e, por enquanto, não temos visto um registro oficial do caso”, disse. Os trabalhadores rurais teriam sido mortos por disparos de armas de fogo e golpes de facas. Os autores do crime estariam encapuzados. O mês de abril ainda marcou 21 anos da chacina de Eldorado dos Carajás.

Um dos corpos das nove vítimas de chacina ocorrida no assentamento deTaquaruçu do Norte em 19 de abril, no Mato Grosso Foto: Secretaria de Estado de Segurança Pública do Mato Grosso

Zeid ainda foi além e apontou que a Comissão Pastoral da Terra (CPT) conta um total de 61 pessoas foram mortas em conflitos no campo no ano de 2016. O número é o segundo maior em 25 anos, superado apenas por 73 mortos registrados em 2003. No ano passado, das 61 vítimas, 17 eram jovens com menos de 29 anos. 13 eram indígenas.

Na avaliação de Zeid, o Pará “é um dos locais mais perigosos” e reconhece os esforços do governo do estado para criar mecanismos para apurar os casos. Mas insiste que as investigações “precisam avançar”. 

As declarações do chefe de direitos humanos da ONU ocorrem na semana em que o Brasil passará, em Genebra, por um exame sobre sua política social nos últimos cinco anos. Governos vão cobrar o governo de Michel Temer em diversos assuntos, inclusive sobre a proteção aos defensores de direitos humanos. 

Outro ponto destacado por Zeid é o impacto da corrupção nos serviços à população. “Trata-se de algo corrosivo aos direitos humanos e precisa ser lidada com mais seriedade”, insistiu. 

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