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Chefe de gabinete da presidência da Câmara também foi envolvido

Foto do author Marcelo Godoy
Por Rodrigo Pereira e Marcelo Godoy
Atualização:

Além de Fabiano Alonso, as escutas da PF mostram que o nome do chefe de gabinete da presidência da Câmara, Camilo Cristofaro Martins Junior, também foi envolvido na trama. Ele próprio telefona, às 17h28 do dia 3 de abril, para o coronel Wilson de Barros Consani Junior e demonstra indignação com a situação, dizendo que seu nome foi usado. "Eu não tenho culpa se a minha sala é política e todo mundo freqüenta", disse. Consani havia conversado pouco antes com Fabiano Alonso, genro do vereador Antônio Carlos Rodrigues, o Carlinhos. O coronel relatou que um delegado da Polícia Civil chamado Tiago, que freqüentava a W.E. e era amigo da casa, havia dito que poderia resolver os problemas do prostíbulo com a Prefeitura. O policial, segundo Consani, disse: "O Camilo, com o Carlinhos, ia resolver e depois ia ver quanto é que ia ter de dar." Camilo foi avisado por Fabiano e, por isso, telefonou para o coronel. Tudo porque o vereador, segundo disse Fabiano, só aceitaria ajudar se não houvesse mais gente tratando do negócio. Nesse dia, Consani dá ordens para parar as outras gestões que seu grupo estava fazendo. É que o lobby na Câmara não havia sido a primeira investida para manter a W.E. aberta. Em 20 de março de 2008, Consani conversa com o empresário Manuel Fernandes de Bastos Filho, o Maneco, apontado pela PF como dono do W.E.. Maneco diz que um amigo seu esteve "com o todo-poderoso". "O todo-poderoso não sabia de nada. Aí pediu um tempo pra ver." O "todo-poderoso" teria dito que a W.E. devia tomar cuidado, pois "isso aí (a vistoria da Prefeitura) veio de denúncia da vizinhança". Depois, Maneco relata recomendações feitas pelo "todo-poderoso". Eles deviam retirar os "homens de preto (seguranças)" da frente da casa, evitar parar carros na frente do prostíbulo e entrar com os "documentos para regularizar". A PF não sabe quem seria o "todo-poderoso". Responsável pela Operação Santa Teresa, o delegado federal Rodrigo Levin está convicto de que foi a participação de agentes públicos que garantiu o funcionamento da W.E.. O delegado explicou que não cabia à PF investigar esses crimes, por envolver autoridades municipais e da polícia estadual, e afirmou que está produzindo um relatório que será encaminhado para o Ministério Público Estadual. "Há fortes indícios de pagamento, corrupção ativa, passiva, facilitação", citou Levin, sem dar prazo para concluir o relatório.

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