Chefe do crime organizado em Mato Grosso é preso

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Por Agencia Estado
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O bicheiro João Arcanjo Ribeiro, de 52 anos, o Comendador, acusado de chefiar o crime organizado em Mato Grosso, foi preso ontem, em Montevideo, pelo Serviço de Inteligência da Polícia do Uruguai. Além de Arcanjo, mais quatro pessoas foram detidas, entre elas sua mulher Sílvia Shirata, e um ex-policial militar que trabalha como segurança do bicheiro. Os outros nomes não foram divulgados. Com a prisão decretada em 5 de dezembro de 2002, o bicheiro estava sendo procurado em 181 países pela Polícia Internacional (Interpol). De acordo com superintendente em exercício da Polícia Federal em Mato Grosso, André Diniz, o bicheiro será transferido para Cuiabá nos próximos dias já que o processo de extradição é demorado. "Nós trocamos informações e confirmamos que é ele mesmo. Tão logo seja liberado ele vai se apresentar no Brasil", disse o delegado. Arcanjo responde a seis processos em Mato Grosso por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, contravenção, contrabando de armas, agiotagem, homicídios, sonegação fiscal e evasão de divisas. Ele é acusado de mandar matar o jornalista Sávio Brandão, dono do jornal Folha do Estado. O crime ocorreu em 30 de setembro de 2002. O bicheiro acumulou fortuna não calculada há duas décadas quando montou a Colibri, empresa que coordenava o jogo do bicho em Mato Grosso. Antes, ele atuava como segurança de políticos e empresários. Além do controle do jogo do bicho, o ex-policial civil é dono de um conglomerado de empresas, cassinos, um hotel de luxo na Flórida, Estados Unidos, aviões, dez propriedades rurais - entre elas, uma gigantesca fazenda de piscicultura -, estacionamentos, um shopping center e vários veículos importados. Todos os bens, segundo suspeita o Ministério Público, foram obtidos com dinheiro do crime. Uma investigação do Ministério Público e da Receita Federal mostra que as empresas financeiras do bicheiro movimentaram mais de R$ 2 bilhões nos últimos quatro anos. O Comendador é acusado de sonegar R$ 900 milhões à Receita Federal. Nos últimos dois anos, o jornalista Sávio Brandão, denunciava a contravenção como o jogo do bicho, máfia da cobrança, narcotráfico e contrabando de máquinas caça-níqueis e jogos eletrônicos. Em manchete no seu jornal, Sávio comparou Arcanjo ao mafioso italiano Al Capone. Antes da fuga, em depoimento na polícia que durou seis horas, Arcanjo negou todos os crimes. Desde dezembro de 2002, quando foi deflagrada a operação Arca de Nóe para combater o crime organizado em Mato Grosso, agentes da Polícia Federal já apreenderam centenas de documentos, armas, jóias e computadores nas empresas e residência do bicheiro. O material ocupava dois andares da superintendência da PF, em Cuiabá.

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