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Chico Pinheiro revela como narra o carnaval

Por Agencia Estado
Atualização:

Pela segunda vez consecutiva, o jornalista Chico Pinheiro vai ancorar - com Renata Ceribelli - a transmissão do desfile das escolas de samba de São Paulo. Assim como as escolas, Chico e seus colegas se preparam para entrar na avenida sem atravessar o samba. Nesta entrevista, ele conta como é esse processo e diz que, às vezes, as mulheres nuas atrapalham a visão dos que estão interessados na riqueza do carnaval. Como a cobertura do carnaval é ensaiada? Depende. Eu e a Renata Ceribelli vamos fazer a narração do carnaval de São Paulo pela segunda vez. Não existe propriamente ensaio, mas uma preparação. Nós visitamos os barracões das escolas de samba, nos aprofundamos nas informações sobre os enredos, alas, alegorias, comissão de frente, etc. para embasar a narração. A equipe de produção reúne todos os dados, incluindo a imagem de cada fantasia, em um caderno que levamos para a transmissão. Na verdade, reunimos mais informações do que podemos dar ao telespectador no tempo do desfile. Dá para ser sóbrio na cobertura do carnaval? A alegria não é incompatível com a seriedade. Ser sóbrio não é ser triste ou carrancudo. Nossa função é reportar para o telespectador o que estamos vendo. Seriedade combina com mulher nua? Carnaval não é mulher nua. É uma festa popular. Às vezes, as mulheres peladas atrapalham a visão de quem quer ver com profundidade a riqueza dessa festa. Insistem na exibição dos corpos nus aqueles que não têm o que dizer ou mostrar. A transmissão da Globo não se prende tanto às mulheres peladas. O público quer ver a bela mulher e a celebridade. Maurício Kubrusly está lá para chamar a atenção para os detalhes da festa e Leci Brandão para comentar tecnicamente os desfiles. O que não pode acontecer? É o narrador deixar de ser repórter, não saber o que está fazendo. Não é um trabalho complicado, porque a nossa função é descrever o que público está vendo, acrescentando informações. Quem vê as escolas de longe pode achá-las muito parecidas, mas na verdade elas não o são. Isso é o que temos obrigação de mostrar. Preencher o tempo nessas transmissões com comentários acaba caindo no lugar comum, repetição de termos como magia, empolgação, etc... O adjetivo é recurso usado por quem não tem informação. O desfile é factual. A narração é a legenda do que os olhos vêem. Tem a questão operacional: a gente narra em cima das imagens que surgem no monitor e chama a atenção para detalhes relevantes. Sou um contador de histórias, das histórias que estou vendo. A TV facilita porque mostra o que eu estou contando.

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