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Chuva deixa 650 famílias desalojadas

Defesa Civil teve de fazer resgates de bote; São Caetano, cidade mais atingida, decreta estado de emergência

Por Andressa Zanandrea , Adriana Carranca , Marcela Spinosa e Rodrigo Pereira
Atualização:

As chuvas de anteontem obrigaram cerca de 650 famílias das zonas sul e leste da capital e do ABC Paulista a deixarem suas casas. Em São Caetano do Sul, a cidade mais atingida da Grande São Paulo, a prefeitura decretou estado de emergência e cerca de 500 famílias ficaram desalojadas. Na mesma região, Mauá registrou 60 famílias desalojadas e 3 desabrigadas. Na capital, foram pelo menos 90 famílias desalojadas nas zonas sul e leste. Os demais municípios do ABC - Santo André, São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra - também foram duramente prejudicados pelas enchentes no Rio Tamanduateí, Ribeirão dos Couros e dos Meninos. As defesas civis não informaram, no entanto, o número de desalojados. Em São Caetano, choveu 81,3 milímetros - 50% do volume para fevereiro. Muitos moradores fugiram para lajes e telhados de suas casas e precisaram ser resgatados com botes. "Fiquei desesperada, porque a água subiu muito rápido. Coloquei as meninas em cima da laje e depois subi", lembrou Maria Daguia, de 32 anos, mãe de duas meninas, de 4 e 7 anos. Vizinho de Maria na Rua Padre Mororó, o soldador Alessandro Foina, de 28 anos, salvou o sofá e três colchões. A água atingiu cerca de 1,1 metro. "A cena era de desespero." Em casa, ele estava com a mãe e o pai, que passou por uma cirurgia de pele há um mês. "Meu primo veio com um caiaque para buscar a minha mãe e depois peguei o bote da Defesa Civil para pegar meu pai." A dona de casa Irene Aparecida da Silva, de 57 anos, tem uma comporta que, normalmente, barra a água que ocupa a Travessa do Vale. Anteontem, porém, com a força da correnteza, um muro desabou. "Vimos que ia alagar e começamos a colocar as coisas para cima. Foi quando ouvimos um estrondo. Meu filho gritou para subir na laje", diz ela que, pela primeira vez, perdeu tudo. Os estragos provocados pelas águas do Tamanduateí seguiram o curso do rio por bairros da zona sul e leste da capital. "Foi um problema porque a água daqui se misturou à água que desceu do ABC. São Paulo é tomada de asfalto e a água não tem por onde escoar", disse o meteorologista do Centro de Gerenciamento de Emergência Adilson Nazário. As duas horas de chuva alagaram 64 pontos. Os bombeiros receberam 53 chamados para resgatar pessoas ilhadas. Na Mooca, zona leste, o nível da água chegou até 2 metros. Na Rua Presidente Barão de Guajará, por volta das 2 horas, o mecânico Arnaldo Cabrelli, de 54 anos, lavava sua oficina. Dois carros foram danificados: um dele e o outro, de um cliente. "É a quinta vez que passo por isso." A limpeza pública recolheu mais de 100 toneladas de entulho nas áreas das Subprefeituras de Vila Prudente e Aricanduva. Nem mesmo as obras de alargamento do Rio Aricanduva foram suficientes. Mais R$ 100 milhões serão aplicados em uma terceira fase. PERDA TOTAL Em Moema, zona sul, cerca de 20 carros foram arrastados na Alameda Jurupis. A Blazer de Manoel dos Santos, de 28 anos, que seguia com a irmã dele, uma auditora de 26 anos, e uma amiga, rodou. "A sorte é que a janela do passageiro estava aberta, e elas conseguiram sair, porque o sistema do carro travou", disse Santos. O carro inundou. "É perda total." SEGURO ENCHENTE Válido para proprietários de imóveis com valor venal acima de R$ 61.240, o Seguro Enchente, em vigor desde outubro de 2007, não recebeu até agora nenhum pedido na Secretaria de Finanças da capital. O benefício prevê isenção do IPTU do imóvel atingido pelas chuvas por um ano, até um teto de R$ 20 mil, não levando em conta o valor do prejuízo. Cada subprefeitura tem 60 dias a partir da enchente para fazer a lista dos imóveis atingidos e enviar um relatório para a Secretaria de Finanças, responsável pela isenção. Os proprietários vítimas de enchentes devem procurar as subprefeituras para checar se seus imóveis estão nas listas ou pedir para que sejam incluídos.

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