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Chuva dispara nível de poluição das praias de Santa Catarina

Na capital Florianópolis, 64% dos pontos analisados estão impróprios para o banho, segundo a Fundação do Meio Ambiente

Por Marcone Tavella
Atualização:

FLORIANÓPOLIS - Os temporais de verão que afetam Santa Catarina desde o início do ano, causa a destruição de casas e do patrimônio público, escancararam um problema que afeta em cheio o turismo: o alto índice de poluição.

A Fundação do Meio Ambiente (Fatma) divulgou na sexta-feira, 26, o quarto relatório de balneabilidade de 2018. O resultado é que 56,3% das praias catarinenses estão impróprias para banho. Foram analisadas amostras em 215 pontos ao longo e 25 cidades litorâneas.

Embaixo d'água.Capital foi cidade mais afetada pela cheia Foto: Diórgenes Pandini/Diário Catarinense

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Para que a área seja considerada imprópria é preciso que contenha um grande volume da bactéria Escherichia coli, encontrada em fezes – mais de 800 coliformes fecais por 100 milímetros de água.

O índice de contaminação é ainda maior na capital: 64% dos pontos analisados em Florianópolis não podem ser usufruídos.

Florianópolis tem 485 mil moradores, segundo dados do IBGE de 2017, e recebe em torno de 1,5 milhão de turistas na temporada. Conforme o Ministério do Turismo, é o segundo principal destino dos turistas brasileiros no verão.

Muitos deles foram surpreendidos com a mancha de poluição em uma das praias mais frequentadas da Ilha.

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No dia 19, moradores da comunidade do Papaquara, no bairro Vargem Grande, no Norte da Ilha, desobstruíram a barreira feita pela Prefeitura para impedir que a água do rio do Braz atingisse a praia de Canasvieiras. De acordo com os moradores, a contenção artificial estava provocando alagamentos no bairro.

A mancha escura e com forte odor atingiu a praia. Ela é formada por esgoto e matéria orgânica decomposta do mangue, segundo a Fatma. No verão de 2016, banhistas usaram máscaras para suportar o mau cheiro na foz do rio do Braz. As autoridades públicas divulgaram que o problema teria sido resolvido.

A turista porto-alegrense Roberta Hayety, 30 anos, que há dez anos passa as férias em Florianópolis, ficou surpresa com a situação.

“Eu achei que fosse exagero, mas levei um susto ao caminhar por Canasvieiras. É triste ver a água escura tomar conta do mar, sem contar o lixo na entrada da praia. Eu já paguei pela pousada e não foi barato, do contrário, não ficaria aqui”, disse.

Roberta vai acompanhar o mapa de balneabilidade no site da Fatma para escolher as praias que visitará nestas férias, mesmo que fiquem distantes de sua pousada, e também pretende fazer alguns programas alternativos.

O desvio de rotas não afeta somente os turistas. Flávia Brum, moradora no bairro Coqueiros, na região continental de Florianópolis, passou a frequentar praias de municípios vizinhos, como a praia do Sonho, em Palhoça.

“No final do ano passado, entrei no mar em Canasvieiras. Fiquei muito mal, tive duas semanas de virose, com náuseas, vômitos, diarreias e dores de cabeça”, conta.

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A poluição também preocupa os moradores do Sul da Ilha. De acordo com o estudo encomendado pela Associação de Moradores e do Movimento SOS Campeche Praia Limpa, o Rio do Noca, conhecido como Riozinho, que percorre aproximadamente três quilômetros dentro do Campeche e desemboca no mar, está com 80 vezes mais coliformes fecais que o permitido. A Lagoa da Conceição, outro ponto turísticos importante, está com várias placas alertando sobre a poluição.

O superintendente Municipal de Saneamento, Lucas Arruda explicou que a Prefeitura tem dois planos de ação. O imediato é recolher a sujeira carregada pelas enxurradas de chuvas nas ruas, que desembocam no mar e nos rios. Já foram removidas mais de 800 toneladas de lixo. E no longo prazo, o investimento em esgoto.

"Investiremos mais de R$ 400 milhões em novos sistemas de esgoto", disse. 

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