Chuva leva morte e destruição ao interior de SP

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Por Agencia Estado
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Quatro pessoas morreram em Campinas, 95 quilômetros a noroeste de São Paulo, e uma em Valinhos, 85 quilômetros a noroeste de São Paulo, em conseqüência das chuvas desta segunda-feira. Uma quinta vítima, um homem de 46 anos, continuava desaparecida no final da tarde desta terça-feira, no Jardim Melina, em Campinas, informou o Corpo de Bombeiros. O bombeiro e sargento Assis Degrossoli Filho, de 42 anos, permanecia internado em estado grave no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no início da noite desta terça, depois de quase se afogar durante o resgate de um morador. Em Campinas e Indaiatuba as prefeituras decretaram estado de emergência. Nesta terça-feira foram enterradas três pessoas da mesma família que morreram afogadas dentro de casa, no Parque Imperador, em Campinas. Nelson Botelho, de 64 anos, a filha Renata Rangel Botelho, de 22, e a neta Bianca da Silva Rangel Botelho, de 2, sobrinha de Renata, não conseguiram deixar a casa para fugir da inundação. "Eles ficaram sem rota de fuga", afirmou o coordenador da Defesa Civil de Campinas, Wagner Martins. O pai da menina, Ricardo Rangel Botelho, estava fora de casa, à procura de emprego, e se desesperou ao descobrir que perdera a família. Ele disse que chegou a ver a filha boiando na inundação. Érica Tavares da Silva, de 21 anos, foi soterrada na tubulação de água no Jardim Tamoios durante a chuva e seu corpo só foi resgatado nesta terça pelos bombeiros, quase 22 horas depois. Pelo menos 40 pessoas, entre bombeiros, guardas municipais, PMs, moradores e funcionários da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), ajudaram no resgate. A mãe de Érica, Elisa Tavares da Silva, disse que a moça havia ido ao mercado e, quando voltava para casa, a calçada cedeu e ela caiu dentro da tubulação. Vizinhos tentaram tirá-la do buraco, mas a água e a lama trazida pela chuva acabaram por soterrá-la. Elisa acompanhou as buscas. Em Valinhos, Claudevan Anólio da Silva, de 22 anos, morreu ao ser engolido por um bueiro, no bairro Ponte Alta. Ele voltava para casa, em Vinhedo, de bicicleta, depois do trabalho, no final da tarde desta segunda. Seu corpo foi encontrado nesta terça, por volta das 8h30, pelo Corpo de Bombeiros, no Ribeirão Pinheiros. Olício da Silva, de 46 anos, continuava desaparecido até o final da tarde desta terça, depois de ter sido arrastado pela correnteza no Jardim Melina, em Campinas, informaram os bombeiros. Segundo a Defesa Civil de Campinas, até as 16 horas desta terça haviam sido registradas 330 ocorrências na cidade, pelo menos 350 pessoas estavam desabrigadas, 1.550 casas foram inundadas e três desabaram. Wagner Martins disse que havia 48 imóveis em risco de desabamento e sendo monitorados por técnicos da Defesa Civil. Martins afirmou que Campinas tem 92 áreas de risco, onde vivem 120 mil pessoas. A prefeita de Campinas, Izalene Tiene (PT), utilizou o helicóptero da Polícia Militar de Campinas para sobrevoar a cidade e verificar os estragos da chuva. Ela pediu verbas ao Secretário Estadual de Habitação, Barjas Negri, para construir unidades habitacionais e remover os moradores de áreas de risco. Segundo Izalene, 10 mil famílias vivem em áreas de risco atualmente em Campinas. Negri, que participou de uma reunião da Região Metropolitana de Campinas nesta terça, em Valinhos, disse que o Estado vai disponibilizar R$ 100 milhões neste ano para projetos habitacionais na região. A captação de água do Rio Atibaia ficou interrompida durante seis horas em Campinas, entre as 19 horas desta segunda e 1 hora desta terça. Pelo menos nove bairros ficaram sem abastecimento nesta terça por causa do rompimento de adutoras. A expectativa era de que a situação estivesse normalizada nesta quarta. Na rede estadual de ensino de Campinas, 2,5 mil crianças ficaram sem aula em 24 escolas de ensino infantil e médio da cidade inundadas pela chuva. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, as aulas devem ser retomadas nesta quarta-feira. Em Indaiatuba, pelo menos cinco pontes desabaram e 70 pessoas ficaram desabrigadas no Jardim Oliveira Camargo. No Bairro Mirim, região rural, os moradores ficaram ilhados depois da queda da única ponte de acesso à cidade. Em Valinhos, 30 famílias foram desalojadas e três casas estavam sob risco de desabamento no Bairro Capuava. De acordo com o Centro de Ensino e Pesquisas Agrícolas (Cepagri) da Unicamp, o Instituto Agronômico de Campinas mediu 140 milímetros de chuvas nesta terça em Campinas. A média histórica de todo o mês de fevereiro é de 190 milímetros. Em apenas meia hora de precipitação, choveu 73 milímetros, mediu o Cepagri. Segundo o Centro de Pesquisas, em outubro de 2001 foram registrados 144 milímetros de chuva em um só dia, mas ao longo de 24 horas. Martins, da Defesa Civil, lembrou que chuva parecida com a desta terça ocorreu em Campinas em janeiro de 1990, quando em um só dia choveu 138 milímetros, conforme o Cepagri. Estatísticas do Centro de Pesquisas indicam que outros registros de fortes chuvas em um só dia, no mês de fevereiro, ocorreram em 1969 (93 milímetros), 1970 (104 mm), 1993 (100 mm) e 1997 (97 mm).

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