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Chuva mata duas pessoas na Grande SP e outras três no interior

Moradores de Rochdale, em Osasco, atearam fogo nos móveis destruídos; outras três vítimas são de Itapeva

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Por Redação
Atualização:

Chega a cinco o número de pessoas que morreram por causa das chuvas no Estado de São Paulo desde a tarde de quarta-feira, 16. As vítimas são uma menina de 4 anos e um homem de 50, que morreram em Osasco, na Grande São Paulo, e outras três mulheres que foram arrastados pela enxurrada na cidade de Itapeva, a cerca de 270 km a sudoeste da capital. O forte temporal provocou mais estragos após as enchentes que deixaram pelo menos 23 pessoas mortas no Estado há uma semana.

 

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Júlia Fernanda de Souza Alves, de 4 anos, morreu no início da noite de ontem após a casa onde mora, na Rua Professor Sud Menucci, no Jardim Munhoz Júnior, Osasco, no limite com Barueri, desabar devido à forte chuva que atingiu a região. Ela chegou a ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros, e foi encaminhada para o Pronto-Socorro Rômulo Fonseca Guimarães, do Jardim Mutinga, já na cidade vizinha, mas chegou sem vida ao local. Desesperada, a mãe gritava pelo nome da filha durante o resgate.

 

Ainda em Osasco, um homem de aproximadamente 50 anos teria sido arrastado pela força da enxurrada provocada pelo alagamento em Rochdale. No início desta madrugada, o corpo dele foi encontrado na Avenida Presidente Médici pela polícia. No município da região metropolitana, um bairro inteiro, o Jardim Piratininga, às margens da Rodovia Anhanguera, ficou submerso ontem. Doze moradores foram resgatados pelo helicóptero da PM de ruas alagadas.

 

Um ônibus com oito pessoas estava ilhado por volta das 18h50 na Avenida Piracema, em Tamboré, também em Osasco. Homens da Defesa Civil fizeram o resgate do veículo. Uma laje também desabou no Piratininga, mas não houve feridos. Na Grande São Paulo, as cidades de Guarulhos, Caieiras, Barueri e Jandira também registraram alagamentos.

 

Ruas de Osasco alagadas por causa da força da chuva na região. Foto: Tiago Queiroz/AE

 

Manifestação

 

Revoltados com mais um prejuízo material causado por alagamentos, moradores do bairro de Rochdale resolveram retirar de casa todos os móveis e demais objetos estragados pela chuva, ateando fogo em tudo no meio da rua. Um dos incidentes ocorreu por volta das 19h45 na Avenida Presidente Médici, em frente a uma garagem de ônibus, onde uma gigantesca fogueira foi formada pelos manifestantes. Uma viatura dos bombeiros foi acionada pelo Centro de Operações da Polícia Militar. Segundo a PM, durante toda a noite várias fogueiras, bem menores que a da Avenida Presidente Médici, foram feitas por moradores, mas não houve feridos nem confronto com a polícia.

 

Interior

 

Na manhã desta quinta-feira, 17, equipes Corpo de Bombeiros de Itapeva, no interior paulista, encontraram os corpos de outras três pessoas que estavam desaparecidas desde a noite, após serem levadas pela enxurrada. Segundo a corporação, a força da água provocou uma cratera ao lado da Rodovia Luís Esguario, na altura do km 1 da via, na saída da cidade, por volta das 19 horas. Um carro e duas motos foram arrastadas para dentro do buraco.

 

Duas mulheres que estavam no veículo foram levadas pela correnteza. O piloto de uma das motos conseguiu se salvar, se agarrando a uma árvore. Ele teve pequenas escoriações, segundo os bombeiros. A terceira pessoa que morreu estava na segunda moto que caiu na cratera. Não há mais desaparecidos na cidade.

 

Os corpos foram encontrados a uma distância de cerca de 500 metros, de acordo com os bombeiros, bem próximo do local onde desapareceram. Ainda no interior, em Sorocaba, a 90 km de São Paulo, a chuva deixou vários bairros sem luz por mais de três horas. O apagão ocorreu após uma chuva forte com rajadas de ventos, que também provocou alagamentos.

 

Capital

 

São Paulo voltou a viver momentos de apreensão com a forte chuva no fim da tarde de ontem. Pelo sexto dia neste mês, houve alagamentos, falta de luz e prejuízos ao trânsito. Na zona norte, quatro crianças ilhadas foram resgatadas pelo helicóptero da Polícia Militar. Ruas do Jardim Romano (zona leste), alagado há oito dias, que começavam a secar, voltaram a encher.

 

O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) colocou a cidade em estado de atenção das 18h15 às 20h. Faltou energia em bairros das zonas oeste e norte, como Barra Funda, Jardim São Bento, Tucuruvi, Santana, Água Fria, Mandaqui, Santa Terezinha, Vila Mazzei e Cachoeirinha.

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Vizinhos ajudam homem arrastado pela enxurrada no Jardim Monte Alegre. Foto: Leonardo Soares/AE

 

A capital registrou 11 pontos de alagamentos, cinco deles intransitáveis - na Avenida Antonio Munhoz Bonilha, na Casa Verde, em dois pontos da Avenida Sumaré, no Sumaré, na Praça da Bandeira e na Rua Ricardo Cavatton, na Lapa.

 

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Às 19h30, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrava 196 km de congestionamento, o que representava 23,5% dos 835 km de vias monitoradas. O pior ponto de lentidão ficava na Marginal do Tietê, com 14,7 km de congestionamento na pista expressa, sentido Ayrton Senna. O motorista chegou a levar até uma hora para atravessar as Pontes do Limão e da Casa Verde, ambas em obras e com o trânsito ainda mais congestionado por causa da chuva. A tempestade também dificultou a chegada a São Paulo pela Rodovia Castelo Branco. O motorista enfrentava lentidão do km 28 ao km 24, com pontos intransitáveis.

 

A CET informou ainda que oito semáforos apresentaram problemas. Por volta das 19h, o Corpo de Bombeiros informou que houve deslizamento de terra sem vítimas no Morro do Socó, uma favela com cerca de 700 moradores na zona norte. Pouco antes das 19h, o helicóptero Águia, da Polícia Militar, retirou quatro crianças e dois adultos de uma casa alagada na Rua Luís Antunes Cardia, em Pirituba, zona norte. Todos foram levados para o pátio de uma empresa na Estrada Turística do Jaraguá. Nenhum sofreu ferimentos. No Jardim Peri Alto, na zona norte, também houve um deslizamento sem vítima.

 

O CGE informou que desde o início do mês choveu 175,6 mm na capital, equivalente a 87,4% da média prevista para dezembro, que é de 201 mm. O índice registrado ontem foi de 14,1 mm.

 

(Com Solange Spigliatti e Ricardo Valota, da Central de Notícias, e Diego Zanchetta, Rodrigo Brancatelli, Felipe Grandin e José Maria Tomazela, de O Estado de S.Paulo)

 

Atualizado às 12h para acréscimo de informações.

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