Chuva, pane na Gol e 39% de atrasos

Pior situação foi em Brasília, onde 75,9% dos pousos e decolagens chegaram a ficar fora do horário à tarde

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Por Bruno Tavares e Alinne Dauroiz
Atualização:

Uma combinação de problemas operacionais na Gol/Varig e chuvas fortes em capitais do Norte e Nordeste fez disparar ontem o índice de atrasos nos aeroportos do País no último fim de semana antes do Natal. Dos 1.622 vôos programados entre 0 hora e 22 horas, 636 (39%) decolaram ou pousaram fora do horário previsto. O Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, foi o mais afetado. Às 17 horas, o porcentual de atraso chegou a 75,9% dos vôos, número tão elevado quanto os registrados na fase mais aguda da crise aérea, entre 2006 e 2007. Embora tenha funcionado normalmente durante todo o dia, o terminal sofreu reflexos do fechamento do Aeroporto de Imperatriz, no Maranhão, que teve operações suspensas por quase seis horas de manhã, devido às fortes chuvas. Boa parte dos vôos com destino às regiões Sul e Sudeste têm origem em cidades do Norte e Nordeste e, portanto, passam por Brasília. "A malha aérea está bastante apertada e qualquer interferência provoca transtornos aos passageiros", disse o coronel Jeferson Ghisi Costa, chefe do Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo (SRPV-SP), responsável pelo controle do tráfego aéreo. Além dos problemas meteorológicos, uma pane operacional nos sistemas da Gol/Varig também contribuiu para os atrasos. Até as 22 horas, a Gol registrava atrasos em 295 dos 489 (60,3%) vôos programados. Na Varig, o porcentual era de 41,7% (43 dos 103 vôos previstos). A empresa informou ter enfrentado problemas no sistema automático de controle de despacho pela manhã e, mesmo tendo sido resolvido a pane, a situação levaria algumas horas para se normalizar. O Estado apurou, no entanto, que as dificuldades operacionais da empresa começaram já no mês passado, após a fusão das malhas aéreas, frotas e tripulações de Gol e Varig. Em novembro, o índice médio de atrasos no País foi de 16,6% - 4,1% maior do que em outubro. O aumento foi impulsionado sobretudo pelas duas operadoras, que tiveram, respectivamente, 21,1% e 24,2% de atrasos no mês passado. Em outubro, esses índices haviam sido bem menores - 15,3% para a Varig e 13,4% para a Gol. Técnicos e fiscais da Anac estão desde sexta-feira no Departamento Operacional da Gol/Varig, em São Paulo, para acompanhar a situação. O aposentado Celso Padovani, de 55 anos, e sua mulher, a funcionária pública Sidimeire, de 51, aguardaram por mais de uma hora a chegada do filho, da nora e dos dois netos no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos. Previsto para 17h30, o vôo 1847 da Gol, vindo de Brasília, só chegou às 19 horas. "Meu filho ligou de Brasília e avisou que o movimento no aeroporto era grande, mas não esperávamos mais de uma hora de atraso", disse Celso.

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