Chuva recorde pára Congonhas e atrapalha vida de paulistano

Após vários atrasos, passageiros voltaram a reclamar falta de informações

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Por Agencia Estado
Atualização:

Choveu em São Paulo o que nunca se viu em um único dia de fevereiro desde 1983. Foram 108,5 milímetros desde a noite de quarta-feira até as 16 horas de quinta-feira, segundo registro no Mirante de Santana, na zona norte da capital. Em toda a cidade, o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) captou 85,2 mm de chuva em 24 horas, o equivalente a 39,2% da média do mês (217 mm). O volume de água foi tanto que a chuva obrigou a torre de Congonhas a fechar por seis vezes a pista principal do aeroporto de São Paulo. Houve pelo menos 60 atrasos nos vôos, entre pousos e decolagens - desde 1º de fevereiro, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) suspendeu a divulgação diária de relatórios sobre atrasos nos aeroportos do País. Às 20 horas, todas as partidas estavam atrasadas. Pouco depois, houve nova paralisação. Os problemas só não foram maiores porque as operações na pista auxiliar foram mantidas e as operações em Congonhas se estenderam até 1 hora. As demais interdições ocorreram das 6h40 às 6h54, das 7h56 às 8h09, das 9h36 às 9h50, das 11h35 às 12h35 e das às 17h38 às 19 horas. Por três vezes, a pista foi fechada para que o nível de água fosse medido. No horário do almoço e no fim da tarde, a quantidade de água ultrapassou o nível de segurança e optou-se pela proibição de tráfego. Apenas pela manhã, os painéis de Congonhas registraram 33 atrasos. Por volta das 13 horas, já havia 42 pousos e decolagens adiados. O maior atraso, sete horas, foi em um vôo da Gol que saiu de Macapá. Os passageiros voltaram a reclamar de falta de informações. Chuva e prejuízos recordes Tanta água deixou 54 pontos alagados até as 21h30 de quinta-feira, castigando principalmente as zonas oeste e norte e o centro da metrópole. O índice de lentidão da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) atingiu 121 quilômetros às 19 horas, acima da média para o mês nesse horário (94 km). Por precaução, o Túnel do Anhangabaú teve as duas pistas fechadas, das 16h30 às 17h30. As chuvas provocaram sete deslizamentos de terra, cinco desabamentos de muros e dois de casas (uma vítima teve de ser resgatada pelos bombeiros). Todos entre 8 e 18 horas de quinta, segundo a Coordenadoria da Defesa Civil. Quinze subprefeituras estão em estado de atenção para deslizamentos. Em Campos Elísios, a água subiu e deu trabalho para comerciantes. A velocidade e a quantidade surpreenderam. A água atingiu cerca de 1,5 metro na região. Pelo menos cinco carros ficaram encobertos - não houve vítimas, segundo o Corpo de Bombeiros. O prefeito Gilberto Kassab (PFL) reconheceu que a chuva prejudicou o trânsito, mas se mostrou satisfeito com as ações do município - foram aplicados R$ 117 milhões no combate a enchentes, segundo ele. Discussão Na quarta-feira, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região revogou a decisão que restringia o pouso de vôos Fokker 100 e Boeing 737-700 e Boeing 737-800 no Aeroporto de Congonhas. O desembargador federal Antônio Cedenho, decidiu cancelar a decisão, que entraria em vigor a partir da zero hora desta quinta-feira. Apesar da decisão, continua em vigor a interdição da pista em dias de chuva forte, com a intenção de evitar derrapagens. Caso a medida entrasse em vigor, pelo menos 10 mil passageiros, só em Congonhas, seriam prejudicados, segundo a Anac. Os vôos proibidos representam 42% do movimento diário do aeroporto e 265 vôos deixariam de ser realizados por dia em Congonhas. A situação do aeroporto de Congonhas também deve entrar na pauta da reunião que acontece nesta tarde na Fundação Procon-São Paulo, com representantes de oito companhias aéreas (BRA, Gol, Tam, Rio Sul, Total Linhas, Varig, Ocean Air e Pantanal), além do Ministério Público, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e órgãos de defesa do consumidor, como Idec, Proteste e Procon de Campinas, Guarulhos e Capital. O Ministério Público quer a interdição imediata da pista principal deste aeroporto para reformas. Os procuradores consideram que da maneira como está, a pista oferece riscos aos usuários. Por enquanto, a única medida vigente é a interdição dessa pista nos períodos de forte chuva. Matéria alterada às 0h58, para acréscimo de informações

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