Bahia e Minas registram pelo menos 15 mortes e 315 feridos após fortes chuvas

Número de desabrigados ou desalojados supera 33 mil; corredor de umidade causou forte temporal e mau tempo deve se deslocar para as regiões sul e central de Minas

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Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela e Heliana Frazão
Atualização:

SOROCABA E SALVADOR - As chuvas intensas já causaram ao menos 15 mortes e deixaram 315 feridos, desde a semana passada, na Bahia e em Minas. Enchentes, inundações e desmoronamentos resultaram em 8.350 desabrigados e 24.764 desalojados, conforme o balanço das autoridades. No total, são 82 cidades em situação de emergência, informam as Defesas Civis dos dois Estados. No sul baiano, onde o temporal se estende por seis dias, moradores relatam nunca ter visto enchentes tão fortes na região. 

Até a tarde desta segunda-feira, 13, segundo a Defesa Civil da Bahia estadual, tinham sido registradas dez mortes e 267 feridos. Ao menos uma pessoa estava desaparecida, no município de Amargosa, onde duas pessoas morreram. Os outros óbitos aconteceram em Itamaraju (3), Itaberaba (2), Macarani (1), Prado (1) e Ruy Barbosa (1).

Chuvas no interior da Bahia e de Minas Gerais já deixaram 15 mortos e 315 feridos; na imagem, áreas afetadas pela enchente em Porto Seguro (BA) Foto: Isac Nóbrega / Presidência do Brasil - 12/12/2021

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A Defesa Civil contabilizou 6.371 desabrigados e 15.199 desalojados em 51 cidades em situação de emergência no estado. O número de mortes pode aumentar, segundo o órgão, pois ainda há regiões isoladas onde não foi possível contabilizar os danos dos temporais.

Em Jucuruçu, a cerca de 670 quilômetros de Salvador, o pedreiro Hélio Borges dos Santos, de 54 anos, conta que ainda estava acordado quando viu a água começar a entrar rapidamente em sua casa. "Todas as residências do loteamento onde moro foram abaixo, não conseguimos tirar nada. Só deu tempo de sair correndo, gritando pelos vizinhos. Foi como um sonho. Nos abrigamos em uma fazenda que fica em uma região mais alta e de lá assistimos à água levando tudo, nada restou a não ser a destruição", conta. 

"A gente vê acontecendo nos filmes, na TV, e não imagina que um dia seremos nós as vítimas", lamenta, acrescentando que jamais viu algo parecido ocorrer naquela região. A água começou a subir às 22h, à meia noite já estava tudo submerso. Na cidade, mais de 500 dos 10 mil habitantes ficaram desabrigados. 

O Estado prevê uma ação para reconstruir as casas que foram destruídas. "Vamos iniciar essa reconstrução em um local mais adequado, mais alto, fora do alcance das águas dos rios", afirmou o governador Rui Costa (PT). O governo federal liberou R$ 5,8 milhões para Jurucuçu e mais seis cidades atingidas. Também foi autorizado o uso de tropas do Exército no resgate e realocação de pessoas desabrigadas pelas enchentes e inundações. No domingo, 12, o presidente Jair Bolsonaro chegou a sobrevoar uma das regiões atingidas e anunciou a liberação de recursos do FGTS para os atingidos.

Previsão é de concentração de temporais no Sudeste

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Em Minas, 31 cidades atingidas pelas chuvas tiveram a situação de emergência decretada pelo governo estadual, no Vale do Jequitinhonha e no Vale do Mucuri. Cinco pessoas morreram, duas delas em Jampruca, no desabamento de uma casa. Outros óbitos aconteceram em Pescador e Engenheiro Caldas – uma criança e um homem morreram soterrados.

A Defesa Civil contabilizou também a morte de um idoso, arrastado pela enxurrada, em Nova Serrana. Outras 48 pessoas ficaram feridas. O estado já contabiliza 1.979 desabrigados e 9.565 desalojados. O governo de Minas antecipou o repasse de R$ 5,63 milhões para municípios atingidos pelos estragos.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o corredor de umidade que tem causado chuvas intensas deve perder força na Bahia, mas concentrará acumulados de chuva no Sudeste, incluindo partes das regiões central e sul de Minas. Em algumas áreas de Minas, os acumulados de chuva podem ultrapassar os 150 mm durante esta semana.

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