Chuvas levam caos ao Rio; prefeito culpa problemas históricos e falta de investimento federal

De acordo com Marcelo Crivella, 785 pontos da cidade estão sem luz e algumas das principais vias da cidade foram fechadas por segurança

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Foto do author Marcio Dolzan
Por Denise Luna (Broadcast) e Marcio Dolzan
Atualização:

RIO - As fortes chuvas que caem sobre o Rio de Janeiro desde o início da noite de segunda-feira, 8, provocaram a morte de pelo menos quatro pessoas, interditam diversas vias da cidade e provocam alagamentos em todas as regiões da Capital.

O Rio de Janeiroentrou em estágio de atenção às 18h35 e às 20h55 passou para o estágio de crise -o mais grave de três níveis de risco, segundo a escala usada pela Prefeitura Foto: Mauro Pimentel / AFP

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No início da manhã desta terça, mais de 12 horas após o início das chuvas, o prefeito Marcello Crivella (PRB) concedeu entrevista coletiva pedindo para que a população evite sair às ruas. Além da grande quantidade de chuvas em curto período de tempo, Crivella culpou a falta de investimento "histórica" na cidade e a falta de ajuda do governo federal.

"Temos milhares de famílias morando em áreas de risco, temos todos os rios e lagos poluídos, 11 mil quilômetros de estradas que precisam ser asfaltadas, 750 mil bueiros entupidos", discursou o prefeito. "Nossas parcerias com o governo federal, nesse primeiro ano Bolsonaro, praticamente pararam", sustentou, afirmando que até mesmo contratos que foram assinados no ano passado, na gestão de Michel Temer, dependem de autorização do atual governo para serem colocados em prática.

Segundo Crivella, apesar de ter ido a Brasília “várias vezes”, passados três meses do governo Bolsonaro - cuja base eleitoral é no Rio de Janeiro, assim como de dois dos seus três filhos - ainda não foi assinado o repasse de verba para cuidar da rede pluvial, despoluir rios e remover pessoas que vivem em áreas de risco.

Procurados, tanto a prefeitura como o Ministério do Desenvolvimento Regional não souberam informar imediatamente qual seria o valor dos repasses nem o motivo para a falta dos mesmos.

As aulas da rede municipal de ensino foram suspensas. "Decretamos feriado nas escolas e pedimos para que ninguém que não precisa saia nas ruas. As chuvas que caíram são anormais, nenhum de nós esperava um volume desses", disse Crivella em coletiva no Centro de Operações Rio (COR). 

Crivella informou ainda que as regiões mais afetadas foram as zonas sul e oeste, e que deslizamentos graves só foram observados no morro da Babilônia, no Leme. Segundo ele, 785 pontos da cidade estão sem luz e algumas das principais vias da cidade foram fechadas por segurança, como a Grajaú-Jacarepaguá e o Alto da Boa Vista. "Foi uma coisa trágica", reconheceu o prefeito.

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Ainda de acordo com o prefeito, cinco mil funcionários do município estão nas ruas na manhã desta terça. Crivella diz acreditar que a situação irá se normalizar nas próximas horas, mas ainda insistiu para que a população evite sair às ruas e, caso seja necessário, que utilize o transporte público.

O governador do Estado, Wilson Witzel (PSC), decretou ponto facultativo na região metropolitana do Rio e cancelou sua agenda externa, enquanto as aulas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também foram suspensas.

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