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Cinco parlamentares disputam comando do Congresso

PT e PMDB 'fabricam' bancadas para ver quem chega com mais força às eleições para as presidências da Câmara e do Senado

Por Eugênia Lopes e BRASÍLIA
Atualização:

O adiamento da definição presidencial manteve no bastidor político as negociações em torno de quem vai comandar o Congresso, mas a disputa é tão forte que já existem pelo menos cinco parlamentares dispostos a se candidatar à presidência do Senado e da Câmara.O último movimento relevante mostra que o senador José Sarney (PMDB-AP) deve renunciar à disputa pela reeleição, fortalecendo o desejo de Edison Lobão (PMDB-MA) brigar pela presidência do Senado. A outra articulação em curso expõe o tamanho da disputa pela presidência da Câmara, que está transformando o PT e o PMDB - aliados no apoio à candidata Dilma Rousseff - em adversários que arregimentam adesões como se fossem inimigos. Petistas e peemedebistas formaram dois blocos, com o PRB e PSC, respectivamente, para fabricar a maior "bancada" da Câmara. Peça fundamental no xadrez ministerial do futuro presidente da República, os dois cargos de comando no Legislativo são cobiçados abertamente pelo PMDB - o PT, igualmente de maneira aberta, reivindica dirigir a Câmara dos Deputados. De olho no cargo, os deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e Cândido Vaccarezza (PT-SP) já deram a largada nas negociações, mas dizem - para consumo externo - que no momento estão mais preocupados e empenhados na eleição da petista Dilma Rousseff. "O único candidato que está em campanha é o Henrique Eduardo Alves. Eu, por enquanto, estou na campanha da Dilma", alfineta Vaccarezza. Ao contrário de Henrique Alves, cujo nome para presidir a Câmara é consenso no PMDB, Vaccarezza enfrenta concorrência dentro do próprio PT. Os ex-presidentes Arlindo Chinaglia (SP) e João Paulo Cunha (SP) gostariam de voltar a ocupar o cargo e, nos bastidores, fazem um misto de campanha e sondagem junto a seus colegas. Vaga cedida. As articulações para a sucessão na Câmara estão sendo feitas pelo atual presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP). Candidato à Vice-Presidência na chapa de Dilma Rousseff, ele já avisou que o partido não está disposto a abrir mão do cargo em favor do PT.A correligionários, Temer lembra que, em fevereiro de 2006, o PMDB tinha a maior bancada da Câmara, mas cedeu a vaga para o petista Chinaglia. Agora é a vez de o PT fazer o mesmo, argumentam os peemedebistas.No dia 3 de outubro, o PT saiu das urnas com a maior bancada da Câmara, com a eleição de 88 deputados. O PMDB ficou com a segunda posição, conquistando 79 cadeiras. Ambas as legendas negociam, no entanto, a formação de blocos parlamentares para se cacifarem como os maiores partidos da Casa. O PT pretende unir-se ao PRB, que elegeu oito deputados. Esse bloco ficará com 96 deputados. Já os peemedebistas negociam se juntar ao PSC, que a partir do dia 1.º de fevereiro contará com uma bancada formada por 17 deputados. Juntos, PMDB e PSC também ficarão com os mesmo 96 deputados. Mas, na disputa pela maior bancada, o PMDB poderá levar vantagem. O motivo é que o deputado Cleber Verde, do PRB do Maranhão, corre o risco de ter sua eleição impugnada. Com isso, o bloco formado pelo PMDB ficaria com um deputado a mais. "Há uma compreensão que o presidente da Câmara vai ser do PT ou do PMDB. O PT e o PMDB vão ter de sentar e conversar", resume André Vargas (PR), secretário de comunicação do PT.Comando. "O PMDB espera ter a presidência da Câmara", afirma o deputado Henrique Eduardo Alves. A expectativa é de que, em um eventual governo de Dilma Rousseff, o candidato à presidência da Casa que for aliado acabe ocupando um ministério. Além de ministérios, as negociações pelo comando da Câmara e do Senado envolvem as presidências das comissões permanentes das duas Casas. A menina dos olhos dos parlamentares é a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) tanto da Câmara quanto do Senado. "É tudo muito embrionário", afirma o deputado Márcio França (PSB-SP). "Tem muita coisa ainda para ser negociada."

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