CNBB critica corrupção e temas da campanha eleitoral

Para presidente da CNBB, não basta condenar corrução, mas restituir o que foi tirado

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Majella Agnelo, afirmou nesta quinta que não basta condenar a corrupção. "É preciso restituir o que foi tirado", disse em entrevista coletiva nesta quinta. Segundo ele, na campanha eleitoral e nos debates entre os dois candidatos a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), a corrupção é sempre condenada, mas ninguém fala em restituir o dinheiro roubado. Para o vice-presidente da instituição, dom Celso Queirós, há hoje no Brasil um clima de corrupção. No entanto, para ele, não está apenas na política, mas também na sociedade. "É um vírus que vai se infiltrando e que deve ser combatido". Dom Celso disse ainda que nos debates entre os dois candidatos à Presidência não houve espaço para a discussão dos grandes problemas do País. "Só se falou de quem é mais ou menos corrupto". O bispo disse esperar que o próximo governo seja diferente, capaz de compreender que "a ética na política é uma obrigação". Ele criticou os debates realizados entre os candidatos a presidente e afirmou que ninguém tocou no assunto principal: como favorecer as pessoas mais pobres, que vivem marginalizadas, qual vai ser a posição do Brasil frente à sua dívida externa e sobre a reforma agrária. Disse que, quanto a esse último item, todos prometem, "mas ainda é tão fraquinha (a reforma)". Para dom Celso, quem for eleito vai encontrar dificuldades, porque não terá o apoio do Congresso para fazer uma reforma profunda. Disse que um dos erros do governo de Lula foi se desvincular dos movimentos sociais. Sem citar nomes, ele criticou Lula por fazer acordos com velhos oligarcas. "Há famílias que estão no poder desde que o Brasil foi descoberto". Um dos oligarcas mais próximos de Lula é o senador José Sarney (PMDB-AP). O vice-presidente da CNBB elogiou o programa Bolsa-Família. Disse que não é só assistencial. "Esse programa injeta bilhões na vida do povo, permite também que a indústria cresça. É meritório e deve continuar. Mas não basta", disse dom Celso.

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