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Coaf promete para esta quarta lista de saques suspeitos à CPI

CPI pediu ao Conselho relação de saques suspeitos ou acima de R$ 100 mil feitos em bancos entre os dias 10 e 15 de setembro

Por Agencia Estado
Atualização:

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) prometeu entregar, ainda nesta quarta-feira, 27, uma relação com todos os saques suspeitos ou acima de R$ 100 mil feitos nas agências dos bancos Safra, BankBoston e Bradesco, localizados no Rio e em São Paulo, realizados entre os dias 10 e 15 últimos. O pedido foi feito na terça-feira pelo sub-relator de sistematização da CPI dos Sanguessugas, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que quer investigar a origem do dinheiro destinado à suposta operação de compra de um dossiê contra políticos tucanos. Sampaio disse ao Estado que depois de examinar as movimentações mais significativas, se existirem, a CPI pedirá à PF que identifique seus titulares. Até o momento, o Coaf não conseguiu identificar nenhuma movimentação suspeita em nome dos suspeitos de envolvimento na compra do dossiê. Para Sampaio, isso aponta para a hipótese de que o dinheiro não tenha sido sacado recentemente. "Minha avaliação é de que o saque foi de apenas R$ 25 mil (quantia apreendida pela PF condicionada em cintas dos bancos sacados)", disse. "O restante devia estar guardado em algum cofre." Sampaio e o presidente da CPI dos Sanguessugas, Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), estiveram na terça reunidos com o presidente do Coaf, Antônio Gustavo Rodrigues. Os dois parlamentares afastaram a hipótese de leniência do Coaf. "Não há elemento que indique isso. Ficamos quase duas horas na reunião e foram feitas consultas online de todos os dados que solicitamos", disse Biscaia. "Não há má-fé nem demora do Coaf. Esse dinheiro é antigo e estava muito bem guardado." Apesar dessa avaliação do presidente da CPI, a oposição atacou a lentidão com que estariam sendo tocadas as investigações. "É uma operação-tartaruga comandada pelo advogado criminalista de Lula, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos", afirmou o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC). Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), todos os especialistas informam ser fácil identificar a entrada dos dólares: "A PF tem de dar explicações ao País para não ficar a idéia de que enrolou a população e esperou as eleições." "Assim que o Coaf tiver a resposta - se tiver, porque há coisas que não se consegue apurar -, os resultados serão transmitidos aos órgãos competentes", afirmou, em São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que justificou a demora na identificação da origem dos recursos. "É possível que essas operações (do dossiê) sejam abaixo de R$ 100 mil e não tenham sido registradas e fiscalizadas pelo Coaf", concluiu. O caminho dos dólares Os US$ 248,8 mil apreendidos com os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos no último dia 15 de setembro num hotel em São Paulo, saíram de um banco em Miami (EUA), entraram legalmente no Brasil e foram repassados a um banco de pequeno porte de São Paulo. A Polícia Federal já tem o nome do banco, da agência, do correntista onde o dinheiro foi depositado e até do sacador, mas mantém os dados em sigilo para não alertar os alvos, até que sejam concluídas as diligências em curso para produção de provas. A informação sobre o rastreamento dos dólares constará do documento oficial que o Departament of Homeland Security, espécie de Ministério do Interior dos Estados Unidos, enviará ao Ministério da Justiça brasileiro e à PF, com base no acordo de cooperação jurídica e policial entre os dois países. Embora o documento ainda esteja sendo redigido, a informação já foi passada, nesta terça-feira, extra-oficialmente, a autoridades brasileiras. Para a PF, embora possa ter entrado legalmente no Brasil, isso não quer dizer que os dólares tenham origem legal. A PF já havia levantado que parte dos dólares apreendidos era de um lote de US$ 25 milhões fabricado pela casa da moeda americana em abril deste ano, conforme antecipou o Estado. O lote fora distribuído para bancos de Nova York e do estado da Flórida. Na hora da prisão, Valdebran estava de posse de US$ 109,8 mil e R$ 758 mil, enquanto Gedimar detinha US$ 139 mil e mais R$ 410 mil. Os maços de dólares estavam com etiquetas onde se lê a sigla da casa da moeda americana. O governo americano confirmou que as cédulas não haviam circulado antes.

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