Cocaína líquida é apreendida em São Paulo pela 1ª vez

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Por Agencia Estado
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Cocaína líquida para despistar cães farejadores e pelo Raios X dos aeroportos. A nova tentativa da máfia nigeriana para fugir do controle da polícia foi descoberta na terça-feira pelo Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc). Às 16h50 desta quarta-feira, foi preso o pedreiro espanhol Carlos Arturo Ibañez, de 22 anos, com 9,5 quilos da droga numa garrafa de 2 litros de guaraná e em dois galões de vinho branco chileno. Segundo o diretor do Denarc, Ivaney Cayres de Souza, essa foi a primeira vez que a droga em estado líquido foi apreendida em São Paulo - ela já havia sido achada dissolvida em outros líquidos, como cerveja. No últimos 45 dias, o departamento deteve 17 estrangeiros por tráfico e apreendeu com os acusados 160 quilos de cocaína. Ibañez foi apanhado quando se preparava para embarcar para Madri no vôo da Ibéria que partiria às 18 horas do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos. Nessa sua forma líquida, a cocaína não pode ser consumida. Chegando à Europa, os traficantes iam transformar o líquido em pó antes da venda. A droga seria vendida na Espanha por US$ 20 mil o quilo e sua origem é colombiana. O entorpecente havia sido comprado pelos traficantes por US$ 2 mil. A investigação da polícia sobre o caso começou no fim do ano passado. Ibañez havia sido contratado por um brasileiro ligado aos nigerianos, em outubro de 2002, na Espanha para transportar a droga. Ia receber US$ 5 mil pelo trabalho. A escolha de um europeu para fazer o transporte da droga era mais uma forma de iludir os controles alfandegários europeus, segundo o delegado Robert Leon Carrel, do Denarc, normalmente mais atentos aos sul-americanos e aos africanos. Ibañez chegou ao Brasil em 11 de outubro, mas não conseguiu fazer contato com a pessoa que lhe devia entregar a droga. Voltou à Espanha e foi procurado pela máfia nigeriana, que o ameaçou de morte. Fez então a segunda viagem. Desembarcou, desta vez, em Caracas, na Venezuela. Entrou no Brasil por Manaus. Tinha US$ 400,00 para as despesas. Por último chegou a São Paulo, onde, segundo o delegado, recebeu a droga. A polícia obteve a informação sobre a presença do espanhol no centro da cidade e passou a segui-lo. Quando ele deixou o hotel em que estava e se dirigiu ao aeroporto, os policiais foram atrás. Queriam ter certeza de que ele estava com a droga, o que só seria possível caso ele fosse realmente embarcar. Foi o que ocorreu. Ibañez não resistiu à prisão. A droga estava dentro de uma de suas malas, no meio de suas roupas. "Estamos agora atrás dos traficantes que o contrataram e dos nigerianos baseados no Brasil", afirmou Carrel. Um dia depois da prisão do espanhol, o Denarc deteve outros dois acusados de transportar cocaína para a Europa contratados pela máfia nigeriana. Desta vez foram dois ingleses: o aposentado Anthony Unsworth, de 61 anos, e o vendedor Daniel James Prince, de 18. Eles também iam embarcar no vôo da Ibéria de São Paulo para Madri. Ali, apanhariam outro vôo para Londres. "Essa rota para Madri é uma novidade no tráfico", afirmou o delegado diretor do Denarc. Com os acusados, a polícia achou 1,5 quilo de cocaína dentro do fundo falso de uma mala. Eles foram detidos no aeroporto de Cumbica. A droga estava embalada em três pacotes. De acordo com a polícia, os ingleses foram aliciados pelos nigerianos na Inglaterra.

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