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Com 13% de umidade, SP vive dia de Saara

Índice é próximo ao do deserto africano; ar seco traz riscos à saúde

Por Aline Nunes , Adriana Carranca e Simone Menocchi
Atualização:

A umidade relativa do ar na capital chegou ontem a 13%, índice registrado às 16 horas na estação de medição de Congonhas, na zona sul. O clima na região estava mais seco do que o do deserto do Saara, na África, onde a umidade média é de 15%. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foi o registro mais baixo do ano. Pelo menos desde o início da semana, a umidade em São Paulo está abaixo dos 30%, situação de atenção, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Somente o litoral paulista não tem baixa umidade. Na capital, a média da umidade relativa do ar entre segunda-feira e ontem foi de 25%, segundo o Inmet - anteontem, chegou a 21%. As conseqüências são a maior incidência de doenças respiratórias e mais riscos para o meio ambiente, como incêndios em áreas verdes. Segundo os meteorologistas, os ventos chegam do norte, trazendo massa de ar seco. A Climatempo informou que uma frente fria vinda do Sul deve passar pelo litoral paulista, trazendo maior umidade. Chuva, porém, só a partir de quarta-feira, quando outra frente fria, mais intensa, deve chegar. "A frente fria chega com maior intensidade, capaz de quebrar o bloqueio da massa de ar seco, trazendo chuvas para o leste do Estado, atingindo principalmente a capital, Vale do Ribeira e Vale do Paraíba. No interior, o clima deve continuar seco", diz o meteorologista Marcelo Pinheiro. "Apesar do ar puro da montanha, sentimos que está bem mais seco", disse, ontem, o turista Paulo Roberto Ribeiro, de São Paulo. Em Campos do Jordão, nesses últimos dois dias, as temperaturas caíram bastante e havia previsão de geada para a madrugada de hoje. Anteontem, a mínima na cidade, medida no Horto Florestal, foi de -2,2°C, a menor temperatura do ano na Serra da Mantiqueira. Outras áreas do País também são afetadas pela falta de umidade. Segundo o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), há 60 dias não chove do noroeste de Minas ao centro-sul de Tocantins. Segundo o personal trainer Marcos Paulo Reis, da PMR Consultoria Esportiva, o clima seco atinge, principalmente, as pessoas com menos condicionamento físico. Para esses, seria melhor suspender a atividade física nos dias mais secos ou, pelo menos, diminuir intensidade e duração dos exercícios. Segundo ele, beber água durante a atividade física não basta. "É preciso já chegar hidratado e incluir líquidos no café da manhã." A meteorologista-chefe do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres da Secretaria Nacional de Defesa Civil, Maria Cristina Maciel Lourenço, sugere evitar exercícios entre 10 e 16 horas, quando a umidade relativa do ar é mais baixa. A vendedora Karina Taques, que nas horas vagas treina para maratonas, mudou a rotina. Costumava percorrer seus 10 quilômetros diários na hora do almoço, mas, com o clima seco, passou a fazer o exercício antes das 8 horas, por recomendação de seu treinador. "Se não consigo chegar ao Horto Florestal até as 8 horas, eu suspendo o treino. Também tomo muito mais água", diz. POLUIÇÃO A falta de chuvas também dificulta a dispersão dos poluentes. A inversão térmica, mais intensa no outono e no inverno, é outro agravante. É como uma tampa de ar quente que segura os poluentes mais perto do solo. Quanto mais baixa a camada de inversão, menos espaço para a circulação dos poluentes.

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