
02 de setembro de 2011 | 00h00
É difícil saber se já houve mais ou menos corrupção no Brasil, mas nunca se falou tanto dela como agora, nem tantos corruptos foram encurralados pela imprensa, por delatores, pela CGU, pelo Ministério Publico e pela Policia Federal como nos últimos tempos. Apesar do atraso, a faxininha foi um avanço, mas sobre o óbvio: as falcatruas estavam onde sempre estiveram, no Dnit, na Valec, em Furnas, nas emendas do Ministério do Turismo, antigos e notórios ninhos de ratos.
A nova onda são os parlamentares corruptos que se dizem e se elegem como católicos ou evangélicos fervorosos e afrontam ao mesmo tempo a lei dos homens e a de Deus, seguros do perdão divino e da impunidade terrena. É a bancada do sétimo mandamento, imortalizada em vídeo na "Oração dos Corruptos" recitada com unção pela quadrilha do mensalão de Brasília.
Enquanto na Europa e nos Estados Unidos a motivação política é considerada agravante de um crime, por suas consequências na sociedade, no Brasil é vista como um atenuante, como se ainda vivêssemos no tempo da ditadura. Quando flagrados, os ladrões militantes se dizem inocentes: "Era para o partido".
Quem rouba dinheiro público para um partido rouba duas vezes. Primeiro, dos contribuintes, de todos nós; depois, quando usa o dinheiro para interferir no processo eleitoral, fraudando leis e regras, corrompendo as instituições democráticas. O ladrão que gasta o produto do roubo em causa própria só dá prejuízo ao erário, o partidário assalta também os direitos dos cidadãos a um processo eleitoral limpo e republicano. Rouba a vontade popular.
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