Com recibo, vereador paulistano gasta menos

Na primeira prestação individual de contas, economia de R$ 400 mil

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Por Alexssander Soares
Atualização:

Com a necessidade de comprovar gastos com notas fiscais - para ter direito ao reembolso da verba de custeio dos gabinetes -, os vereadores paulistanos acabaram economizando 55% do dinheiro disponível no mês de agosto para pagar combustível, material de escritório, selos, impressões e fotocópias. Isso mesmo com a possibilidade extra de comprar ou alugar móveis e materiais para escritórios políticos instalados nas bases eleitorais dos bairros. A reforma administrativa que alterou o cálculo de gastos foi batizada de ''''trem da alegria'''' pelo movimento Voto Consciente - criando cargos e benefícios - ainda está na mira do Ministério Público. A economia feita no mês passado, em relação ao que se gastava antes, segundo a Presidência da Casa, pode ficar entre 25% e 50%. Os gastos de todos os vereadores somaram R$ 332.772,64. Cada um tem direito ao reembolso de R$ 13.343,33 mensais, definidos pelo teto de 75% do valor pago como verba de custeio por gabinete da Assembléia Legislativa. O que se gastou em agosto representa 45% do total de despesas autorizadas pela Mesa Diretora da Câmara. Por mês, os 55 vereadores podem apresentar notas fiscais para ter o reembolso total de até R$ 733.883,15. Os parlamentares da capital solicitaram R$ 6 mil cada um, em média, como reembolso na primeira prestação de contas da verba de custeio de gabinetes. Anteriormente, quando não existia a obrigação de comprovar os gastos com notas fiscais, recebiam todo o material, dividido em cotas, pelo setor administrativo da Câmara. A Presidência da Câmara estimava um gasto entre R$ 8 mil a R$ 10 mil mensais com o material fornecido para cada vereador. A partir da mudança nos gastos, que passou a vigorar no início de agosto, cada parlamentar ganhou um parâmetro mensal para gastar em cada item, como por exemplo, R$ 1.500 em combustível e R$ 8 mil em despesas de correio. Se gastar R$ 2 mil em combustível, a Câmara só vai reembolsar R$ 1.500 no mês seguinte. Em segundo lugar na lista de quem mais gastou, Abou Anni (PV), por exemplo pediu reembolso de R$ 13.326 - R$ 7.999,05 só de despesas de correio. PREJUÍZO Campeão de gastos, com R$ 13.340,47 José Ferreira (PT), o Zelão, afirmou que teve ''''prejuízo ao só poder justificar R$ 13 mil para ter o reembolso''''. ''''Se eu pudesse gastar mais, eu gastaria. O dinheiro não é o suficiente para fazer o que a gente precisa. Eu, por exemplo, vou gastar muito mais com gasolina, atendendo os eleitores, e só vou receber de reembolso R$ 1.500,00. Vou ter de pagar a diferença'''', reclamou. O vereador afirmou também que precisou contratar uma assessoria jurídica, gastando R$ 5 mil em agosto, para ajudar a equipe a entender o mecanismo de justificativa de gastos com notas fiscais. ''''Agora arrumaram um serviço a mais para a gente, que é justificar os gastos com correio, gasolina e escritório. Antes, a Câmara fazia tudo isso.'''' Quem gastou menos em agosto foi José Police Neto (PSDB), que só pediu o reembolso de R$ 95,45 por assinaturas de jornais e revistas. Carlos Apolinário (DEM) fez a mesma solicitação, para gastos de R$ 103,45. Na seqüência, com a mesma solicitação de reembolso, estão Soninha (PT) e Roberto Tripoli (PV), que pediram R$ 1.474,42 como reembolso por locação de veículo. O primeiro secretário da Câmara, José Américo (PT), responsável pelo setor administrativo da Casa, afirma que a mudança nos gastos vai trazer economia, mesmo com a possibilidade de gastos acumulados no mês seguinte. ''''Os vereadores fazem gastos diferenciados. Alguns concentram gastos com impressos ou correios no fim do ano, outros diluem ao longo dos meses. Esperamos uma economia com as alterações, mas só vamos ter uma idéia dos números no final do ano.''''

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